Por Laís Felício
Na última quinta-feira (21/12/2023), o Ministério da Saúde do Brasil anunciou um marco para a saúde pública, sendo o Brasil o primeiro país do mundo a incorporar a vacina Qdenga no Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema público e universal. A Qdenga, desenvolvida pela Takeda, é um imunizante contra a dengue que será inicialmente disponibilizado de forma limitada, devido à capacidade restrita de fornecimento de doses pelo fabricante. A decisão de incorporar a vacina ao SUS veio da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) que recomendou a inclusão da Qdenga, considerando a relação custo-benefício e a importância do acesso apropriado da população à imunização. Além disso, a Qdenga já havia sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano para ser registrada como um novo imunizante contra a dengue.
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia a vacina Qdenga é um imunizante tetravalente, de vírus vivo atenuado, que deve ser administrado em 2 doses com intervalo de 3 meses entre as doses, independentemente do histórico de infecção. A Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos de idade, mas por ser de vírus vivo atenuado a vacina não é recomendada para gestantes, mulheres durante a amamentação, imunodeficientes e pessoas com hipersensibilidade à primeira dose. A Ministra da Saúde Nísia Trindade relatou: “Seremos pioneiros ao oferecer acesso público a essa vacina como parte do SUS. Até o início do próximo ano, definiremos os grupos prioritários, considerando a limitação da Takeda em relação ao número de doses disponíveis.”
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), juntamente com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), agora irão desenvolver as estratégias de distribuição das doses disponíveis, estabelecendo os grupos prioritários para a vacinação e identificando as áreas com maior prevalência da dengue para a aplicação das doses. A previsão é que a Takeda forneça 5.082 milhões de doses em 2024, distribuídas entre fevereiro e novembro. Segundo o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS), a incorporação da Qdenga reafirma o compromisso com a saúde da população. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde houve uma redução de 44% do preço por dose, que passou de R$ 170,00 para R$ 95,00, sendo que o valor economizado é destinado a saúde pública.
Essa implementação no SUS veio em resposta aos índices expressivos de dengue em 2022 e a presença simultânea dos quatro sorotipos do vírus em 2023. Com isso, houve um aumento do investimento em ações preventivas, que já teve como resultado a inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA) para um monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika, e agora a incorporação da Qdenga ao Sistema Único de Saúde.