Após a Organização Mundial da Saúde ter classificado a propagação do coronavírus como uma emergência sanitária de caráter planetário no dia 30 de janeiro de 2020, o Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) decidiu sugerir o fim dessa rotulação na última sexta (05/05/2023), em Genebra, cidade suíça. Essa sugestão foi acatada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.
Segundo Tedros, tal medida ocorreu devido à queda no número de casos da doença em todo mundo, diminuição de hospitalizações e internações em Unidades de Terapia Intensiva e, também, ao aumento da cobertura vacinal contra a enfermidade. Entretanto, o diretor máximo da organização ressaltou que a disseminação da Covid-19 ainda é uma realidade, citando que, na semana do anúncio em questão, uma pessoa morrerá a cada três minutos, devido à contaminação pelo SARS-CoV-2. Ghebreyesus salientou que os países precisam continuar criando estratégias para contornar os efeitos desse cenário.
O líder da OMS também registrou, em seu discurso, que, ao longo da pandemia, cerca de 7 milhões de pessoas morreram em razão da doença, sendo que esse número pode chegar a 20 milhões devido à falta de dados de alguns países. Ainda, Ghebreyesus classificou o período de crise sanitária como um evento mais grave que uma pandemia, tendo em vista os impactos econômicos, sociais, políticos e, sobretudo, psicológicos.
REPERCUSSÃO NO BRASIL
Após a declaração do diretor-geral da OMS, a ministra da saúde brasileira Nísia Trindade comemorou a decisão e ressaltou que ela ocorreu graças à capacidade da vacinação salvar vidas. De acordo com a ministra, os brasileiros precisam continuar a receber os imunizantes contra a covid-19, tendo em vista que sua circulação, no país, ainda é uma realidade. Também frisou que as notícias falsas relacionadas à segurança e à eficácia dos imunobiológicos devem ser duramente combatidas. Nísia Trindade lembrou dos 700 mil mortos no Brasil e dos 37,4 milhões de casos, destacando que a memória de cada vida perdida precisa ser utilizada como fonte de engajamento para reparar a dor das famílias que perderam algum ente e para que futuras pandemias não ocorram.
Em seu pronunciamento à nação, no dia sete de maio, Nísia Trindade enfatizou que o vírus continua a sofrer mutações e que há a predominância de infecções ocasionadas pela variante ômicron e suas sub linhagens no país. Ademais, alertou que a grande maioria dos óbitos decorrentes da enfermidade são de pessoas que não receberam a quantidade de vacinas necessárias para sua proteção, além de engrandecer a contribuição de pesquisadores e profissionais da saúde nas ações contra o coronavírus.
FIM DA LINHA PARA A PANDEMIA?
Segundo a líder técnica para Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, ainda não é possível dizer que a pandemia terminou. Veja o que Kerkhove disse sobre a classificação de Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional:
“Essa definição indica que a situação é séria, repentina, pouco comum e inesperada, carrega implicações para a saúde pública que vão além das barreiras dos países afetados e pode exigir ações internacionais imediatas.”
A classificação visa instigar as nações a traçarem estratégias para evitar sérios danos decorrentes de uma doença:
“A ideia de declarar emergência em saúde pública de importância internacional, o mais alto nível de alerta da Organização Mundial da Saúde, é coordenar ações imediatas antes que a situação se torne ainda mais grave e potencialmente uma pandemia”
A líder confirma que o termo “pandemia” continua:
“No caso da covid-19, temos ambas as situações: uma emergência em saúde pública de importância internacional e também uma pandemia. Embora o diretor-geral tenha falado na capacidade do mundo de se unir para acabar com a emergência em nível global neste ano de 2023, podemos ainda seguir com a pandemia por um bom tempo, porque esse vírus está aqui conosco para ficar. O que significa que temos que tomar ações, melhorar todo o nosso sistema para podermos reduzir o impacto da covid-19 daqui para frente.”
– Escrito por Cláudio Felipe de Oliveira – Acadêmico de Medicina vinculado ao Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES).
– Revisado por Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e docente de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Setor científico MedYes
REFERÊNCIAS:
Covid-19: fim da emergência não altera status de pandemia. Agência Brasil. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-05/covid-19-fim-da-emergencia-nao-altera-status-de-pandemia>. Acesso em: 9 maio. 2023.
Em pronunciamento nacional, ministra da Saúde reforça a importância de intensificar a vacinação contra a Covid-19. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/maio/em-pronunciamento-nacional-ministra-da-saude-reforca-a-importancia-de-intensificar-a-vacinacao-contra-a-covid-19>. Acesso em: 9 maio. 2023.
Imunização é fundamental contra casos graves e mortes por Covid-19, mesmo com o fim da emergência de saúde global. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/maio/imunizacao-e-fundamental-contra-casos-graves-e-mortes-por-covid-19-mesmo-com-o-fim-da-emergencia-de-saude-global>. Acesso em: 9 maio. 2023.
OMS declara que Covid-19 não é mais uma Emergência Global de Saúde | ONU News. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2023/05/1813942>. Acesso em: 9 maio. 2023.
OMS declara fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à COVID-19 – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/5-5-2023-oms-declara-fim-da-emergencia-saude-publica-importancia-internacional-referente>.
PRONUNCIAMENTO DA MINISTRA DA SAÚDE, NÍSIA TRINDADE. TV BrasilGov. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GIdovoF2zbE&ab_channel=TVBrasilGov>. Acesso em: 9 maio. 2023.