José Saramago, escritor português, em sua obra “O ensaio sobre a cegueira”, deixa os cidadãos de uma cidade cegos. De forma idêntica à ficção do autor, metaforicamente, a população brasileira se encontra cega, em sua maioria, diante do crescimento demasiado da depressão no país, em particular durante e após a pandemia do Covid-19. Um estudo realizado com estudantes evidenciou que no período pandêmico os mesmos apresentaram níveis significativamente mais elevados de depressão, ansiedade e estresse comparativamente aos que integraram o estudo no período não pandêmico (MAIA, B.; DIAS, P. 2020). Esses resultados vão ao encontro de outros estudos internacionais que analisaram o efeito psicológico da COVID-19 e de outras pandemias (Wang et al., 2020; Weiss & Murdoch, 2020).

Em uma primeira instância, é válido destacar que a depressão é uma doença psiquiátrica que afeta o emocional, físico e psicológico, e tem como sintomas recorrentes a ansiedade, desânimo, irritabilidade, apatia, fadiga entre outros. A doença se tornou mais proeminente no ano de 2020, no qual a pandemia do coronavírus se instalou muito em consequência do isolamento social. Com as relações interpessoais restringidas, o contato físico escasso e o mundo externo restrito, criou-se o cenário perfeito para o aumento dos casos de depressão e ansiedade entre as pessoas. 

É nítido o impacto não somente social e econômico, mas também emocional e psicológico da pandemia, visto que o ser humano tende a necessitar do contato físico para manter interações e relações saudáveis entre si.

Destaca-se que a depressão age de forma lenta, uma vez que, os sinais como ansiedade, insônia, cansaço excessivo começam a aparecer com certa frequência e de maneira constante até que o indivíduo desenvolva para um estado depressivo. Nesse contexto, é válido pontuar que o sistema nervoso é responsável por receber e decifrar informações de todas as partes do nosso corpo, por outro lado, no quadro depressivo essa comunicação fica prejudicada, já que o cérebro sofre várias alterações químicas que prejudicam esse processo e desencadeiam sentimentos pessimistas e negativos. 

O tratamento da doença que em casos mais severos consistem em usos de antidepressivos (fluoxetina, sertralina, clomipramina etc) que funcionam como inibidores da recaptura de monoaminas, responsáveis por atuarem no corpo como neurotransmissores de hormônios causadores da felicidade, bem-estar, prazer etc, como a noradrenalina, serotonina e dopamina. Ademais, atividades ao ar livre, e/ou em conjunto com outras pessoas, além de meditação, também podem ajudar a reduzir a ansiedade e, por conseguinte, a depressão. Também, o acompanhamento psicológico é de extrema importância e fundamental para a intervenção da doença, uma vez que a conversa terapêutica com o profissional auxilia na redução dos sintomas e por fim, na cura da doença.

Escrito por Anna Beatriz Ferreira Ramos (Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa)

Revisado por Flávia Batista Barbosa de Sá Diaz, Prof. DEM/UFV

 

REFERÊNCIAS:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942006000300012

https://www.scielo.br/j/estpsi/a/k9KTBz398jqfvDLby3QjTHJ/?lang=pt#:~:text=Os%20estudantes%20que%20integraram%20o,negativo%20da%20pandemia%20nos%20estudantes

https://www.danonenutricia.com.br/adultos/saude/depressao–processos-quimicos-cerebro 

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  • Melissa Padilha Silva disse:

    Excelente texto! A autora trouxe informações sobre a depressão sob a perspectiva pandêmica, que de fato foi crucial para o aumento exponencial da doença no país e no mundo.

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