Audiodescrição:

O assunto do momento, dentro das discussões imuno-científicas do país é a vacina bivalente contra o coronavírus. Mas, você sabe o que é, qual a diferença e o objetivo desse novo imunizante? A MedYes te explica! 

Mas, antes de tudo, é importante relembrar o que é uma vacina e qual seu objetivo. As vacinas são substâncias que contém alguma informação genética atrelada a algum tipo de vírus que, em contato com o sistema imunológico humano, não é capaz de provocar a doença associada ao vírus. No entanto, o organismo percebe que os componentes genéticos presentes na vacina não são próprios do corpo, fazendo com que as defesas celulares produzam elementos de proteção que ficarão armazenados dentro do corpo humano, chamados de anticorpos, os quais apresentam a função de atacar e neutralizar corpos estranhos e maléficos à saúde. Após isso, quando um vírus de verdade entra em contato com o sistema imunológico, este terá a capacidade de se defender rapidamente, tendo em vista que já possui anticorpos prontos para serem usados. Dessa forma, o organismo humano, após ter tomado a vacina, apresenta vantagem imunológica diante de uma infecção viral.   

Depois desse resgate de ideias, voltaremos para o contexto da vacina contra o coronavírus. Após o início da pandemia, em 2020, intensificou-se a busca por uma vacina que oferecesse proteção adequada e eficiente para os humanos. Já em Março desse mesmo ano, uma candidata entrou em fase de testes clínicos, o que foi considerado um avanço sem precedentes para a ciência, tendo em vista a rapidez desse processo de pesquisa, o qual respeitou todos os protocolos científicos. No início de 2021, as primeiras vacinas contra o coronavírus chegaram aos braços dos primeiros brasileiros no estado de São Paulo, após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).   

Com o passar do tempo, o vírus da Covid-19 foi se modificando, ou seja, sendo protagonista de alterações genéticas em si próprio, o que chamamos de mutações. Essas mutações reduzem a eficácia das vacinas a longo prazo, o que exige que elas sejam remodeladas. Atualmente, a variante Ômicron é a que mais preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS) e também todas as organizações de promoção da saúde. Diante disso, os laboratórios farmacêuticos, produtores de vacinas contra covid, dedicaram-se em atualizar as vacinas que antes eram chamadas de monovalente para bivalentes. 

As vacinas bivalentes, também chamadas de segunda geração, são imunobiológicos atualizados, ou seja, capazes de induzir o corpo a produzir anticorpos contra as novas variações do vírus SARS-CoV-2, principalmente a ÔMICRON e suas sub variantes, além da cepa original. Dessa forma, ela confere maior proteção à pessoa que a recebe, pois esta pessoa está protegida contra um maior espectro de variações de vírus que causam a covid-19, reduzindo as chances de desenvolver a forma grave da doença e, até mesmo, de ir a óbito.  

O Brasil iniciou a aplicação dessa nova geração de vacinas em fevereiro de 2023, com alguns grupos prioritários: idosos acima de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições permanentes, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Cidadãos que não se enquadram nesses grupos, continuam a receber vacinas contra a doença normalmente, só que com a monovalente. Isso se deve porque a bivalente é direcionada, por enquanto, para pessoas que apresentam o sistema imunológico comprometido, com maior vulnerabilidade, bem como com maiores chances de desenvolverem a forma grave da doença ou de falecerem se infectados. Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, outras faixas etárias e outros grupos de pessoas devem ser incluídos no público alvo ao longo do ano, acesse o cronograma no Site do Ministério da Saúde. Por isso, é importante sempre ficar atento a essas mudanças.  

Ainda, é importante ressaltar que, indivíduos desses públicos alvos, para receberem a vacina bivalente, precisam ter terminado o ciclo de imunizações com o imunobiológico monovalente, composto por, no mínimo, duas doses. A dose bivalente precisa respeitar um prazo de, pelo menos, 4 meses desde a última dose monovalente recebida. 

A população idosa possui preferência no recebimento dessas doses bivalentes, as quais possuem a mesma eficácia das monovalentes, além de apresentarem o mesmo mecanismo de atuação dentro do organismo humano. Com o passar da idade, o sistema imunológico tende a se enfraquecer, aumentando as chances de que um quadro de enfermidade viral se agrave. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), diante de um cenário de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), pessoas com mais de 55 anos apresentam maiores chances de irem a óbito. Portanto, você que está apto a vacinar-se com a vacina bivalente, não perca tempo e proteja você e as pessoas à sua volta. Junte-se à luta contra o coronavírus! As vacinas bivalentes são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e estão disponíveis em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).           

                      

Escrito por Cláudio Felipe de Oliveira – Acadêmico de Enfermagem vinculado à UFV

Revisado por Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e docente de Enfermagem da UFV

Setor científico MedYes 

 

Referências:

CARVALHO, Eleonora de Magalhães et al. Vacinas e redes sociais: o debate em torno das vacinas no Instagram e Facebook durante a pandemia de COVID-19 (2020-2021). Cadernos de Saúde Pública, v. 38, p. e00054722, 2022.      

FERNANDES, Tânia Maria. Vacina antivariólica: ciência, técnica e o poder dos homens, 1808-1920. Editora Fiocruz, 2010.

GUIMARÃES, MARCO. Confira porque cada pessoa dos grupos prioritários precisa se vacinar com a dose de reforço bivalente contra a Covid-19. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/confira-porque-cada-pessoa-dos-grupos-prioritarios-precisa-se-vacinar-com-a-dose-de-reforco-bivalente-contra-a-covid-19>. Acesso em: 13 mar. 2023.

GUIMARÃES, MARCO. Esclareça as principais dúvidas sobre o Movimento Nacional pela Vacinação; entenda porque é importante se vacinar. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/esclareca-as-principais-duvidas-sobre-o-movimento-nacional-pela-vacinacao-entenda-porque-e-importante-se-vacinar>. Acesso em: 13 mar. 2023.

HOMMA, Akira et al. Atualização em vacinas, imunizações e inovação tecnológica. Ciência & saúde coletiva, v. 16, n. 2, p. 445-458, 2011.

PERES, EDIS. Vacinas bivalentes e monovalentes são igualmente eficazes e protegem contra a Covid-19; saiba mais. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/fevereiro/vacinas-bivalentes-e-monovalentes-sao-igualmente-eficazes-e-protegem-contra-a-covid-19-saiba-mais>. Acesso em: 11 mar. 2023.

SARINHO, Filipe W. et al. Vacinas COVID-19 e imunobiológicos. 2021.

VICTOR, NATHAN. Quase 2 milhões de doses de vacinas bivalentes foram aplicadas na população. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/quase-2-milhoes-de-doses-de-vacinas-bivalentes-foram-aplicadas-na-populacao>. Acesso em: 12 mar. 2023.   

VILANOVA, Manuel. Vacinas e imunidade. Revista de ciência elementar, v. 8, n. 2, 2020.

 

Leave a Reply