O home care ou atendimento domiciliar (AD) é uma modalidade de cuidado em saúde em expansão, alternativo à internação hospitalar. Reconhecido como propício para um cuidado inovador e centrado nas necessidades do usuário, o AD exige atenção profissional. O enfermeiro desempenha um papel fundamental nesse contexto, destacando-se na gestão dos serviços, na cooperação do plano de cuidados no domicílio e na criação de vínculos com usuários e familiares (ANDRADE et al., 2016).
A Resolução COFEN nº 0464/2014 que normatiza a atuação da equipe de enfermagem na AD define a atenção domiciliar como ações no domicílio que garantem a promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento de doenças, reabilitação e cuidados paliativos. A norma inclui modalidades como Atendimento Domiciliar, Internação Domiciliar e Visita Domiciliar. E apresenta as atribuições do Enfermeiro ressaltando que este é responsável por dimensionar a equipe, planejar, organizar, coordenar, supervisionar e avaliar a assistência, além de atuar na capacitação da equipe. Segundo esta resolução a atenção domiciliar deve seguir a Sistematização da Assistência de Enfermagem, realizando sempre o registro de todas as etapas desta em prontuário.
Para entendermos sobre o papel da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no Home Care é preciso primeiro conceituar a SAE e o Processo de Enfermagem (PE). A SAE é uma metodologia científica utilizada por enfermeiros para planejar, implementar e avaliar a assistência de enfermagem de forma organizada e sistematizada, ou seja, a SAE permite a execução do Processo de Enfermagem (SOUZA et al., 2020). O PE é o modo sistemático que orienta o cuidado e documenta os resultados obtidos através das intervenções (GARCIA, NÓBREGA, 2009). A Resolução COFEN-358/2009 estabelece as cinco etapas inter-relacionadas e recorrentes do Processo de Enfermagem: Coleta de Dados de Enfermagem,Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem Implementação, e a Avaliação de Enfermagem A resolução destaca que o PE demanda um suporte teórico para orientar sua implementação, desde a recolha de dados até à avaliação dos resultados.
A SAE é reconhecida como um modelo de qualidade e um meio de alcançar o reconhecimento profissional além de permitir a gestão dinâmica, flexível e científica do processo de enfermagem, a aplicação do conhecimento teórico e uma maior proximidade entre o paciente e a equipe de enfermagem. A SAE padroniza o atendimento, garantindo uma assistência de qualidade e fornecendo dados confiáveis para avaliação do cliente. A implementação da SAE, valoriza o papel do enfermeiro, trazendo a este mais autonomia, melhora o atendimento ao cliente e eleva a qualidade da assistência de forma geral (COSTA, 2012).
Segundo o manual de orientações para os profissionais de enfermagem de home care do Coren-DF, o uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem, seguindo as etapas da Resolução COFEN nº 358/2009, é fundamental para garantir a qualidade e a eficácia dos cuidados prestados em domicílio, ressalta ainda a importância dos registros das informações do atendimento domiciliar no prontuário do paciente.
Escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES;
Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.
REFERÊNCIAS
ANDRADE AM et al. Nursing practice in home care: an integrative literature review. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017;70(1):199-208. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0214. Acesso em: 27 out. 2023.
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 0464/2014. Normatiza a Atuação da Equipe de Enfermagem na Atenção Domiciliar. Brasília, DF, 03 de novembro de 2014. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-04642014/ . Acesso em: 29 out. 2023.
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorra o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras exceções. Brasília, DF, 15 de outubro de 2009. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009/. Acesso em: 28 out. 2023.
COSTA, AM (2012). Importância da implementação da assistência de enfermagem (SAE): uma abordagem bibliográfica: 2000-2012. Santa Maria, RS, Brasil. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/1459/Costa_Adonai_Mejia.pdf?sequence=1#:~:text=A%20implementa%C3%A7%C3%A3o%20da%20SAE%20surge,como%20ci%C3%AAncia%20de%20cuidado%2C%20d%C3%A1. Acesso em: 01 nov. 2023.
GARCIA, TR; NÓBREGA, MML (2009). Processo de Enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm, 13(1), 188-193. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ean/a/t5CHQNJfHx9Y84VVR59Zsmc/?lang=pt&format=pdf . Acesso em: 01 out. 2023.
SOUZA, GB de, et al. Sistematização da assistência de enfermagem e processo de enfermagem: conhecimento de graduandos / Do cuidado de enfermagem e do processo de enfermagem: conhecimentos de graduação. Revista Brasileira de Revisão de Saúde, 3 (1), 1250–1271. https://doi.org/10.34119/bjhrv3n1-097. Acesso em: 28 out. 2023.
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