As mulheres idosas enfrentam uma série de desafios que impactam diretamente em sua qualidade de vida e bem-estar. Segundo dados do IBGE sobre a projeção populacional do Brasil por sexo e idade, em 2023 o país contará com uma população feminina de 18.3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que corresponde a cerca de 55,54 % do total de idosos no país. Se por um lado temos o aumento da expectativa de vida das mulheres, por outro temos grandes desafios relacionados à saúde, à violência, à pobreza e à exclusão social.
Um dos principais embates vivenciados pelas mulheres idosas é a discriminação, que vem em dose dupla, pela idade e gênero, muitas vezes tornando-as invisíveis para a sociedade. Segundo a OMS (2015), as pessoas idosas são frequentemente vistas como um grupo homogêneo, sem reconhecimento de suas diferentes necessidades e realidades, sendo vítimas da chamada discriminação etária. Além disso, no caso das mulheres essa discriminação é somada a desigualdade de gênero levando à dificuldade de acesso a serviços públicos e privados, como saúde, educação e trabalho, bem como à falta de representação política.
Imagem de ação realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Direitos Humanos. Foto: Sandro Barros / PMO- Imagem Licenciada.
Além disso, vale destacar aqui outro grande problema para mulher idosa que é violência, que pode ser psicológica, física, verbal, financeira e/ou negligências. O ambiente familiar é o principal palco destes episódios, que muitas vezes são realizados pelos filhos, cônjuges, netos e/ou cuidadores. A violência desencadeia vários problemas nestas mulheres gerando tristeza, raiva, medo, tendo efeito negativo em sua saúde (MORILLA; MANSO, 2021).
Outro desafio enfrentado pelos idosos é a pobreza. Segundo a OMS (2015), as mulheres idosas são mais propensas do que os homens a viver em situação de pobreza, devido a uma série de fatores, como menor participação na força de trabalho remunerada e salários mais baixos.
A falta de autonomia e independência é mais um desafio que afeta as mulheres idosas, a diminuição da mobilidade, a perda da visão e da audição e outras limitações físicas que podem surgir dificultam a realização de atividades diárias básicas, como cuidar de si mesmas e de suas casas. Isso pode levar a sentimentos de frustração, dependência e desesperança, já que estudos evidenciam nos relatos de mulheres idosas o desejo pela manutenção dessa autonomia, seja nos afazeres domésticos ou em outras atividades (Merighi et al., 2012)
Assim sendo, as mulheres idosas enfrentam uma série de desafios que têm impacto direto no seu bem estar físico, social e psicoespiritual exigindo uma abordagem profissional multidisciplinar e integrada para serem superados. É necessário que os profissionais, a família e a comunidade reconheçam as diferenças e necessidades específicas das mulheres idosas, proporcionando-lhes acesso a serviços e recursos que lhes permitam envelhecer com dignidade e respeito.
Escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente de Enfermagem da UFV e membro da equipe de pesquisadores da MedYes.
Revisado por: Flávia Batista Barbosa de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e Docente da UFV
REFERÊNCIAS:
IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica.
Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 2000-2060.
MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa et al. Mulheres idosas: desvelando suas vivências e necessidades de cuidado. Rev Esc Enferm USP, [S. l.], p. 408-414, 30 jul. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/kjk9CmvcHVjVkRpDHp6bNjt/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 mar. 2023.
MORILLA, J. L.; MANSO, M. E. G. A violência contra a mulher idosa no Brasil e os fatores relacionados ao tema: uma revisão integrativa. VITTALLE – Revista de Ciências da Saúde, [S. l.], v. 33, n. 2, p. 66–82, 2021. DOI: 10.14295/vittalle.v33i2.12328. Disponível em: https://periodicos.furg.br/vittalle/article/view/12328. Acesso em: 20 mar. 2023.
OMS. Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. Genebra: OMS, 2015.
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