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março 2023

Os desafios do envelhecimento feminino

By Notícias No Comments

As mulheres idosas enfrentam uma série de desafios que impactam diretamente em sua qualidade de vida e bem-estar. Segundo dados do IBGE sobre a projeção populacional do Brasil por sexo e idade, em 2023 o país contará com uma população feminina de 18.3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que corresponde a cerca de 55,54 % do total de idosos no país. Se por um lado temos o aumento da expectativa de vida das mulheres, por outro temos grandes desafios relacionados à saúde, à violência, à pobreza e à exclusão social.

Um dos principais embates vivenciados pelas mulheres idosas é a discriminação, que vem em dose dupla, pela idade e gênero, muitas vezes tornando-as invisíveis para a sociedade. Segundo a OMS (2015), as pessoas idosas são frequentemente vistas como um grupo homogêneo, sem reconhecimento de suas diferentes necessidades e realidades, sendo vítimas da chamada discriminação etária. Além disso, no caso das mulheres essa discriminação é somada a desigualdade de gênero levando à dificuldade de acesso a serviços públicos e privados, como saúde, educação e trabalho, bem como à falta de representação política.

Imagem de ação realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Direitos Humanos. Foto: Sandro Barros / PMO- Imagem Licenciada.

 

Além disso, vale destacar aqui outro grande problema para mulher idosa que é violência, que pode ser psicológica, física, verbal, financeira e/ou negligências. O ambiente familiar é o principal palco destes episódios, que muitas vezes são realizados pelos filhos, cônjuges, netos e/ou cuidadores. A violência desencadeia vários problemas nestas mulheres gerando tristeza, raiva, medo, tendo efeito negativo em sua saúde (MORILLA; MANSO, 2021).

Outro desafio enfrentado pelos idosos é a pobreza. Segundo a OMS (2015), as mulheres idosas são mais propensas do que os homens a viver em situação de pobreza, devido a uma série de fatores, como menor participação na força de trabalho remunerada e salários mais baixos.

A falta de autonomia e independência é mais um desafio que afeta as mulheres idosas, a diminuição da mobilidade, a perda da visão e da audição e outras limitações físicas que podem surgir dificultam a realização de atividades diárias básicas, como cuidar de si mesmas e de suas casas. Isso pode levar a sentimentos de frustração, dependência e desesperança, já que estudos evidenciam nos relatos de mulheres idosas o desejo pela manutenção dessa autonomia, seja nos afazeres domésticos ou em outras atividades (Merighi et al., 2012)

Assim sendo, as mulheres idosas enfrentam uma série de desafios que têm impacto direto no seu bem estar físico, social e psicoespiritual exigindo uma abordagem profissional multidisciplinar e integrada para serem superados. É necessário que os profissionais, a família e a comunidade reconheçam as diferenças e necessidades específicas das mulheres idosas, proporcionando-lhes acesso a serviços e recursos que lhes permitam envelhecer com dignidade e respeito.

Escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente de Enfermagem da UFV e membro da equipe de pesquisadores da MedYes.

Revisado por: Flávia Batista Barbosa de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e Docente da UFV

 

REFERÊNCIAS:

IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica.

Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 2000-2060.

MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa et al. Mulheres idosas: desvelando suas vivências e necessidades de cuidado. Rev Esc Enferm USP, [S. l.], p. 408-414, 30 jul. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/kjk9CmvcHVjVkRpDHp6bNjt/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 mar. 2023.

MORILLA, J. L.; MANSO, M. E. G. A violência contra a mulher idosa no Brasil e os fatores relacionados ao tema: uma revisão integrativa. VITTALLE – Revista de Ciências da Saúde, [S. l.], v. 33, n. 2, p. 66–82, 2021. DOI: 10.14295/vittalle.v33i2.12328. Disponível em: https://periodicos.furg.br/vittalle/article/view/12328. Acesso em: 20 mar. 2023.

OMS. Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. Genebra: OMS, 2015.

VACINA BIVALENTE CONTRA COVID-19: SAIBA MAIS SOBRE ESSE IMUNIZANTE ATUALIZADO

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O assunto do momento, dentro das discussões imuno-científicas do país é a vacina bivalente contra o coronavírus. Mas, você sabe o que é, qual a diferença e o objetivo desse novo imunizante? A MedYes te explica! 

Mas, antes de tudo, é importante relembrar o que é uma vacina e qual seu objetivo. As vacinas são substâncias que contém alguma informação genética atrelada a algum tipo de vírus que, em contato com o sistema imunológico humano, não é capaz de provocar a doença associada ao vírus. No entanto, o organismo percebe que os componentes genéticos presentes na vacina não são próprios do corpo, fazendo com que as defesas celulares produzam elementos de proteção que ficarão armazenados dentro do corpo humano, chamados de anticorpos, os quais apresentam a função de atacar e neutralizar corpos estranhos e maléficos à saúde. Após isso, quando um vírus de verdade entra em contato com o sistema imunológico, este terá a capacidade de se defender rapidamente, tendo em vista que já possui anticorpos prontos para serem usados. Dessa forma, o organismo humano, após ter tomado a vacina, apresenta vantagem imunológica diante de uma infecção viral.   

Depois desse resgate de ideias, voltaremos para o contexto da vacina contra o coronavírus. Após o início da pandemia, em 2020, intensificou-se a busca por uma vacina que oferecesse proteção adequada e eficiente para os humanos. Já em Março desse mesmo ano, uma candidata entrou em fase de testes clínicos, o que foi considerado um avanço sem precedentes para a ciência, tendo em vista a rapidez desse processo de pesquisa, o qual respeitou todos os protocolos científicos. No início de 2021, as primeiras vacinas contra o coronavírus chegaram aos braços dos primeiros brasileiros no estado de São Paulo, após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).   

Com o passar do tempo, o vírus da Covid-19 foi se modificando, ou seja, sendo protagonista de alterações genéticas em si próprio, o que chamamos de mutações. Essas mutações reduzem a eficácia das vacinas a longo prazo, o que exige que elas sejam remodeladas. Atualmente, a variante Ômicron é a que mais preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS) e também todas as organizações de promoção da saúde. Diante disso, os laboratórios farmacêuticos, produtores de vacinas contra covid, dedicaram-se em atualizar as vacinas que antes eram chamadas de monovalente para bivalentes. 

As vacinas bivalentes, também chamadas de segunda geração, são imunobiológicos atualizados, ou seja, capazes de induzir o corpo a produzir anticorpos contra as novas variações do vírus SARS-CoV-2, principalmente a ÔMICRON e suas sub variantes, além da cepa original. Dessa forma, ela confere maior proteção à pessoa que a recebe, pois esta pessoa está protegida contra um maior espectro de variações de vírus que causam a covid-19, reduzindo as chances de desenvolver a forma grave da doença e, até mesmo, de ir a óbito.  

O Brasil iniciou a aplicação dessa nova geração de vacinas em fevereiro de 2023, com alguns grupos prioritários: idosos acima de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições permanentes, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Cidadãos que não se enquadram nesses grupos, continuam a receber vacinas contra a doença normalmente, só que com a monovalente. Isso se deve porque a bivalente é direcionada, por enquanto, para pessoas que apresentam o sistema imunológico comprometido, com maior vulnerabilidade, bem como com maiores chances de desenvolverem a forma grave da doença ou de falecerem se infectados. Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, outras faixas etárias e outros grupos de pessoas devem ser incluídos no público alvo ao longo do ano, acesse o cronograma no Site do Ministério da Saúde. Por isso, é importante sempre ficar atento a essas mudanças.  

Ainda, é importante ressaltar que, indivíduos desses públicos alvos, para receberem a vacina bivalente, precisam ter terminado o ciclo de imunizações com o imunobiológico monovalente, composto por, no mínimo, duas doses. A dose bivalente precisa respeitar um prazo de, pelo menos, 4 meses desde a última dose monovalente recebida. 

A população idosa possui preferência no recebimento dessas doses bivalentes, as quais possuem a mesma eficácia das monovalentes, além de apresentarem o mesmo mecanismo de atuação dentro do organismo humano. Com o passar da idade, o sistema imunológico tende a se enfraquecer, aumentando as chances de que um quadro de enfermidade viral se agrave. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), diante de um cenário de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), pessoas com mais de 55 anos apresentam maiores chances de irem a óbito. Portanto, você que está apto a vacinar-se com a vacina bivalente, não perca tempo e proteja você e as pessoas à sua volta. Junte-se à luta contra o coronavírus! As vacinas bivalentes são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e estão disponíveis em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).           

                      

Escrito por Cláudio Felipe de Oliveira – Acadêmico de Enfermagem vinculado à UFV

Revisado por Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e docente de Enfermagem da UFV

Setor científico MedYes 

 

Referências:

CARVALHO, Eleonora de Magalhães et al. Vacinas e redes sociais: o debate em torno das vacinas no Instagram e Facebook durante a pandemia de COVID-19 (2020-2021). Cadernos de Saúde Pública, v. 38, p. e00054722, 2022.      

FERNANDES, Tânia Maria. Vacina antivariólica: ciência, técnica e o poder dos homens, 1808-1920. Editora Fiocruz, 2010.

GUIMARÃES, MARCO. Confira porque cada pessoa dos grupos prioritários precisa se vacinar com a dose de reforço bivalente contra a Covid-19. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/confira-porque-cada-pessoa-dos-grupos-prioritarios-precisa-se-vacinar-com-a-dose-de-reforco-bivalente-contra-a-covid-19>. Acesso em: 13 mar. 2023.

GUIMARÃES, MARCO. Esclareça as principais dúvidas sobre o Movimento Nacional pela Vacinação; entenda porque é importante se vacinar. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/esclareca-as-principais-duvidas-sobre-o-movimento-nacional-pela-vacinacao-entenda-porque-e-importante-se-vacinar>. Acesso em: 13 mar. 2023.

HOMMA, Akira et al. Atualização em vacinas, imunizações e inovação tecnológica. Ciência & saúde coletiva, v. 16, n. 2, p. 445-458, 2011.

PERES, EDIS. Vacinas bivalentes e monovalentes são igualmente eficazes e protegem contra a Covid-19; saiba mais. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/fevereiro/vacinas-bivalentes-e-monovalentes-sao-igualmente-eficazes-e-protegem-contra-a-covid-19-saiba-mais>. Acesso em: 11 mar. 2023.

SARINHO, Filipe W. et al. Vacinas COVID-19 e imunobiológicos. 2021.

VICTOR, NATHAN. Quase 2 milhões de doses de vacinas bivalentes foram aplicadas na população. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2023. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/quase-2-milhoes-de-doses-de-vacinas-bivalentes-foram-aplicadas-na-populacao>. Acesso em: 12 mar. 2023.   

VILANOVA, Manuel. Vacinas e imunidade. Revista de ciência elementar, v. 8, n. 2, 2020.