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O IMPACTO DA CONDUTA TERAPÊUTICA ADEQUADA NO TRATAMENTO DA DENGUE E NA PREVENÇÃO DE AGRAVOS

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A Dengue é uma arbovirose que dá origem a uma doença infecciosa e é transmitida por mosquitos fêmeas da espécie de Aedes aegypti e Aedes albopictus. O arbovírus constitui o maior grupo conhecido de vírus, apresenta RNA como genoma e é mantido na natureza por meio de transmissão entre hospedeiros vertebrados e artrópodes hematófagos como os Aedes. O vírus da dengue pertence ao gênero Flavivirus e a família Flaviviridae, apresenta quatro sorotipos denominados DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, todos presentes no Brasil. A transmissão ocorre principalmente em áreas temperadas e tropicais geralmente no verão, durante ou após períodos chuvosos, sendo influenciada pela urbanização rápida e não planejada. A doença possui um variado espectro clínico, indo desde manifestações brandas até episódios hemorrágicos, se configurando como um grande problema de saúde pública (Furtado et al.,2019).

As arboviroses ocasionam um grande impacto na saúde pública, assim, ressalta-se a importância do saneamento básico como método profilático e de controle da urbanização vetorial do agente etiológico. O Aedes aegypti habita preferencialmente em áreas urbanas e próximo ao homens, em contrapartida, o Aedes albopictus habita ambientes com vegetação robusta como parques e matas, isso faz com que o último seja considerado um transmissor secundário. Os arbovírus acentuam-se nos tecidos dos organismos dos artrópodes, que se tornam vetores após sugarem sangue de hospedeiros contaminados, se tornado aptos a disseminar a doença depois de 8 a 12 dias de incubação (BARROS et al.,2021). A irregularidade dos serviços de saneamento básico e a deficiência de conhecimentos e pesquisas sobre a doença e a erradicação do vetor, levam ao aumento dos casos de dengue nos centros urbanos visto que o combate ao mosquito é, de fato, a melhor forma de profilaxia e erradicação  (MANSSO et al.,2022).

Após atingir a corrente sanguínea o vírus atinge órgãos como baço, fígado e tecidos linfáticos e se multiplica durante o período de incubação que dura cerca de 4 a 7 dias. Após isso, o vírus volta para a corrente sanguínea e os primeiros sintomas se manifestam. Ele  replica-se também em células sanguíneas e alcança a medula óssea, causando trombocitopenia. Além disso, ocorre agressão ao endotélio vascular provocando perda de plasma, o que pode levar a quadros hemorrágicos, de hipoperfusão e de deficiência respiratória aguda causada pelo aumento da viscosidade sanguínea (FURTADO et al.,2019). Visto a possibilidade da existência de processos hemorrágicos, o tratamento da dengue deve ser feito com cautela já que alguns medicamentos como Anti-inflamatórios não esteroidais, antiplaquetários e anticoagulantes podem contribuir para o agravamento do quadro.

A manifestação clínica da dengue varia desde infecções assintomáticas, oligossintomáticas e sintomáticas, que são divididas em dois grupos: Dengue clássica e os quadros graves que se subdivide em Dengue com complicações, Febre hemorrágica da dengue e a Síndrome de choque da Dengue. Na dengue hemorrágica, a principal manifestação não é a hemorragia e, sim, a alteração da permeabilidade vascular gerada por interleucinas e mediadores químicos produzidos por células inflamatórias. Essa situação resulta em hemoconcentração pela saída do plasma para os tecidos, podendo evoluir para o choque hipovolêmico não hemorrágico. A queda na contagem de plaquetas se insere como uma forte característica dessa manifestação clínica, e as hemorragias, quando ocorrem, acometem principalmente a pele, tecidos subcutâneos e o trato gastrintestinal, o que reforça a importância do diagnóstico clínico-laboratorial e da conduta terapêutica corretos e em tempo certo. Sendo assim, alguns sinais de alarme como dor abdominal intensa, êmese persistente, acúmulo de líquidos, sangramento de mucosas, aumento progressivo do hematócrito, plaquetopenia, sede excessiva e desorientação devem ser monitorados a fim de prevenir eventuais complicações (FURTADO et al.,2019). A classificação adequada do estágio da dengue é precisa, pois condutas terapêuticas diferentes devem ser respeitadas com acompanhamentos que intercalam entre uma avaliação laboratorial ao leito de terapia intensiva e exames sorológicos e complementares específicos para cada caso. Algumas condutas, como a hidratação imediata, são comuns nas diversas manifestações da dengue (BARROS et al.,2021)

 

Não existe tratamento específico contra o vírus dessa doença, faz-se apenas o tratamento com hidratação e medicação sintomática, sendo que em alguns casos e reposição volêmica pode ser feita por via endovenosa e em ambientes de terapia intensiva. Pacientes com suspeita ou já diagnosticados com dengue devem evitar o uso de AINEs como o ácido acetilsalicílico, diclofenaco, ibuprofeno, cetoprofeno, piroxicam e nimesulida, antiplaquetários como o clopidogrel e anticoagulantes como a varfarina pois estes fármacos aumentam o risco de sangramento (FURTADO et al.,2019). As diretrizes da Organização Mundial da Saúde não recomendam o uso de corticosteróides no manejo da dengue devido a falta de estudos conclusivos e a ausência de benefícios comprovados. Nesse viés, embora não haja consenso geral a respeito do tratamento da dengue e exista deficiência de informações e recursos, existem alguns medicamentos e medidas utilizadas para tratar a sintomatologia dos pacientes. Porém, o tratamento guiado pelo diagnóstico e classificação correta e o combate ao vetor se configura como medidas ideais visto que as vacinas contra a dengue ainda se encontram em processo de  aprimoramento  (MANSSO et al.,2022).

Alterações hemorrágicas como hemoconcentração, leucopenia e plaquetopenia direcionam intervenções terapêuticas, fazendo com que os parâmetros hematológicos se tornem mandatórios no diagnóstico e manejo farmacológico e não farmacológico desta arbovirose. Nos casos graves de dengue, as principais alterações hematológicas evidenciadas são trombocitopenia, variação dos índices do hematócrito, aumento do tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial e leucopenia. A infecção grave se apresenta com um perfil fisiopatológico atípico que culmina no aumento da permeabilidade e manifestações hemorrágicas associadas à trombocitopenia concomitante ao aumento do hematócrito, leucopenia ou leucocitose no início da infecção acompanhada de linfocitose com células atípicas podendo existir também neutropenia. É válido ressaltar que manifestações diferentes podem acontecer em pacientes com perfis distintos e todos os critérios devem ser analisados no momento do diagnóstico e estabelecimento da conduta terapêutica (PORTILHO.,2021)

 

 

É recomendado, para alívio dos sintomas como febre e dores o uso dos analgésicos e antipiréticos paracetamol e a dipirona tendo em vista o perfil de segurança desses medicamentos frente a existência das manifestações graves da doença. A administração liberal de fluido oral e o acompanhamento clínico-laboratorial se faz necessário em tais afecções. O manejo da dengue grave requer cuidados e atenção ao gerenciamento de fluidos e tratamento proativo de hemorragia, a reposição de fluidos endovenosos pode ser usada para prevenir o choque em pacientes infectados. Entretanto, é preciso um controle cuidadoso dos fluidos administrados, pois o paciente grave pode evoluir para óbito tanto por sobrecarga hídrica quanto por choque por sangramento. Em caso do nível de plaquetas cair para abaixo de 20.000 ou se houver sangramento significativo, a transfusão de plaquetas é recomendada, medicações hepatotóxicas devem ser evitados e quanto mais antivirais estiverem disponíveis mais proteção a terapia medicamentosa guiada pela clínica poderá oferecer  (MANSSO et al.,2022).

De fato, o medicamento mais utilizado para alívio dos sintomas é o Paracetamol. Ele é um dos analgésicos antipiréticos não narcóticos mais comumente usados e faz parte de muitas preparações patenteadas de venda livre.  Esse fármaco possui uma característica bem particular uma que, ao lado de sua excelente atividade analgésica e antipirética, que pode ser atribuída à inibição da síntese de prostaglandinas no SNC, tem atividade inflamatória muito discreta e não compartilha os efeitos gástricos ou plaquetários adversos dos outros AINEs. Por esta razão, às vezes não é classificado como AINE. Nesse viés, assim como a dipirona, ele possui pouca atividade inibitória pela enzima Ciclooxigenase-1 que é essencial para a produção de mediadores que atuam na agregação plaquetária. Porém, doses tóxicas causam hepatotoxicidade potencialmente fatal. Isto ocorre quando as reações normais de conjugação ficam saturadas e o fármaco é metabolizado por oxidases de função mista, causando destruição do tecido hepático e consequentemente insuficiência hepática (RANG et al.,2016).

Pacientes portadores da dengue podem ter lesões hepáticas a depender da duração e gravidade da doença, sendo esse sinal evidenciado por meio de testes bioquímicos de lesão hepática, principalmente, a aspartato aminotransferase (AST) e a alanina aminotransferase (ALT) que podem estar aumentadas mesmo em quadros assintomáticos. Por isso, se recomenda evitar o uso do paracetamol, mesmo em doses ótimas, em pacientes com infecção por dengue e comprometimento hepático, levando em consideração a alta incidência de hepatotoxicidade associada a esse medicamento. O problema se dá principalmente quando altas doses precisam ser administradas ou quando uma lesão já se encontra instalada, aumentando assim a morte das células do fígado. Nesse cenário existem algumas medidas alternativas que são recomendadas, e o controle da febre deve ser realizado conforme o quadro clínico do paciente.  Escolhe-se entre as opções de hidratação (oral ou venosa) e o uso dos medicamentos – dipirona, antieméticos (bromoprida e metoclopramida) e os antipruriginosos (loratadina e dexclorfeniramina) (PINHEIRO ., 2023).

Sendo assim, fica evidente que a dengue é uma doença de grande relevância, sendo capaz de levar os indivíduos a insuficiência orgânica e óbito. Nesse viés, é preciso que mais pesquisas sejam feitas visando descobertas sobre a prevenção da doença e controle dos sintomas. Na literatura estão presentes várias medidas e medicações que podem ser usadas nessa situação, no entanto, conclui-se que o diagnóstico correto em tempo oportuno, o monitoramento clínico-laboratorial e o tratamento guiado pela evidência científica deve ser feito com cautela e orientado por profissionais cientes das manifestações individuais e recursos disponíveis para o tratamento. A prevenção através do combate ao vetor, uso de repelentes, práticas alternativas à saúde e a imunização através da vacinação são importantes estratégias traçadas para a profilaxia dessa infecção reemergente e que urge por mais conhecimento sobre seu manejo clínico.

 

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES À SAÚDE NA PREVENÇÃO, CONTROLE E TRATAMENTO DAS ARBOVIROSES EPIDÊMICAS NO BRASIL

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 As arboviroses são doenças causadas por arbovírus, ou seja, vírus que são transmitidos por artrópodes onde parte de seu ciclo reprodutivo acontece. Levando em consideração o território brasileiro, três arboviroses se tornam epidêmicas e são vistas como um problema de saúde pública levando em conta o crescimento no número de casos hodiernamente, são elas a Dengue, Zika e a Chikungunya transmitidas ao homem principalmente pela picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti. Nesse viés, é válido ressaltar que alguns fatores como o aumento populacional, a urbanização não planejada, as variações climáticas e destruição de biomas são alguns dos diversos fatores que explicam o crescimento da expansão geográfica dos vetores nas áreas tropicais e subtropicais e consequentemente da transmissão dessas doenças (SOUZA et al., 2023). De  acordo  com  dados  colhidos  pelo boletim  epidemiológico das  arboviroses  de  2020  a  2022, foram  registrados  cerca  de  2.897.750  de  casos prováveis  de duengue, 501.447 casos prováveis de chikungunya e 48.751 casos prováveis de zika, o que equivale em termos numéricos a 3.447.948 casos prováveis dessas três arboviroses registrados nesses últimos anos pelo Sistema  de  Informação de Agravos de  Notificação, em 2023 (SANTOS et al., 2023).

 

   As manifestações clínicas das arboviroses são similares e variam de uma febre indiferenciada até síndromes neurológicas e hemorrágicas, sendo que os casos mais graves muitas vezes são reconhecidos somente após uma grande infestação dessas enfermidades. Nesse cenário, a ineficácia dos métodos diagnósticos e terapêuticos que se restringe ao tratamento das manifestações clínicas e a deficiência de informações epidemiológicas das arboviroses  se configuram como um fator agravante que muitas das vezes contribuem para o agravamento das manifestações clínicas e para o surgimento de óbitos. As epidemias destas doenças são caracterizadas sobretudo pela variação do perfil epidemiológico da população afetada, da emergência e reemergência dos sorotipos circulantes, do aumento dos casos graves e do número de óbitos muitas vezes em decorrência de diagnósticos tardios ou equivocados e de métodos assistenciais deficiêntes  (SOUZA et al., 2023).

   É válido ressaltar que as arboviroses podem ser transmitidas de forma vertical, transfusional e principalmente vetorial no ciclo humano-vetor-humano, sendo que alguns estudos apontam para a transmissão da febre zika através do contato sexual. Em relação à dengue, a arbovirose urbana de maior impacto epidêmico, as manifestações clínicas vão desde febre, cefaleia, artralgia e mal-estar até hemorragia, choque, óbitos e sintomas atípicos como encefalite, encefalopatia, miocardite e hepatite fulminante. Já na Chikungunya os principais achados são febres>39 graus, erupções cutâneas, poliartralgias, cefaléia, mialgia, fadiga, náuseas, vômitos e óbitos. A Zika se manifesta através de sinais e sintomas brandos e autolimitados como febre baixa, erupções cutâneas, fadiga, cefaléia, conjuntivite ou pode resultar em efeitos mais graves como infecção neonatal, microcefalia, meningite, meningoencefalite e Síndrome de Guillain barré. a. A similaridade de sintomas que há entre as arboviroses, compromete o diagnóstico clínico, por isso, o diagnóstico preciso e confiável, realizado por meio de testes moleculares figura-se de grande relevância para a vigilância epidemiológica  (SOUZA et al., 2023).

    Nesse contexto, é  de grande sutileza elucidar o papel das Práticas Integrativas e Complementares à saúde na prevenção, controle e tratamento das Arboviroses. Essas práticas representam a medicina tradicional e são complementares à medicina convencional, e no brasil, são orientadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), publicada no ano de 2006 e são ofertadas pelo Sistema Único de Saúde. As PICs são práticas humanizadas e que garantem o cuidado holístico do ser humano, se fazendo presentes em diferentes topologias, culturas, classes sociais e níveis de atenção à saúde (SOUZA et al., 2022). Tratam-se de ações que consideram a subjetividade de cada usuário na perspectiva da interdisciplinaridade por meio da aplicação do conhecimento tradicional no cuidado integral tendo em vista o controle e a participação social nas estratégias envolvendo o manejo dos processos de saúde e doença (ALVES, 2019).

    Dentre as PICS regulamentadas e ofertadas através do SUS, destaca-se a fitoterapia como um recurso no controle e tratamento das manifestações clínicas das arboviroses. É válido lembrar que os fitoterápicos são diferentes das plantas medicinais visto que estes requerem técnicas específicas desde seu plantio até sua administração. O emprego das plantas para tratar sintomas como dores, tosse e inflamações e para cuidados com a pele é bastante comum. Seus usos como analgésicos e antitérmicos remetem diretamente aos sintomas das arboviroses, incluindo-se as indicadas como relaxantes musculares. No entanto, efeitos adversos podem surgir diante do uso indevido dessa prática, como é o exemplo do guaco (Mikania glomerata) que pode causar em hemorragia e arritmias cardíacas, agravando potencialmente os efeitos dessas enfermidades. Nesse viés, fica evidente a importância do conhecimento e uso correto da fitoterapia (SOUZA et al., 2022).

   Outrossim, algumas pesquisas afirmam o uso de fitoterápicos como repelentes ingeridos na forma de chás ou usados durante banhos como é o caso da  infusão de cana brejeira (Costus sp.) é utilizada na forma de banho para o alívio de prurido presente na  chikungunya. Para repelir o mosquito Aedes aegypti, seja no ambiente ou com uso tópico, a citronela (Cymbopogon winterianum) e o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) diluídos em álcool, separadamente ou em combinações variadas e dentre outras. Essas plantas são consideradas ótimas estratégias quando comparadas com repelentes sintéticos visto que além de funcionarem como bio repelentes elas controlam o crescimento vetorial sem trazer danos ao meio ambiente. As arboviroses requerem a descoberta de novos agentes de baixo custo que possam controlar as larvas do mosquito sem produzir qualquer resistência cruzada, nesse sentido cabe ressaltar também o uso de alguns óleos essenciais usados como repelentes do mosquito Aedes aegypti dentre outros  (SOUZA et al., 2022).

  Ademais, Pesquisas recentes mostram que PICS como acupuntura, meditação, tai chi, qigong, yoga e massagem são efetivas para o tratamento de dor lombar, fibromialgia e outras dores de origem osteomuscular, incluindo-se aquelas adquiridas após as arboviroses dengue, zika e chikungunya. No entanto, a auriculoterapia e automassagem são utilizadas com maior frequência no manejo de cefaléias, artralgias e mialgias. Ademais, a auriculoterapia tem raízes na medicina tradicional chinesa e se baseia em estímulos aplicados em pontos específicos do pavilhão auricular traçados em forma de microssistema oferecendo efeitos físicos e psíquicos. Estudos apontam que a utilização dessa prática acarreta na diminuição das dores articulares e no uso de medicamentos convencionais, além de aumentar de forma proeminente a qualidade de vida dos pacientes infectados pelos arbovírus  (SOUZA et al., 2022). 

  A automassagem consiste em um processo onde o próprio paciente toca seu corpo com pressões diferentes com o intuito de melhorar seus processos fisiológicos, promovendo relaxamento muscular, conforto físico e psíquico através do autocuidado holístico. A partir disso, essa prática é utilizada para o alívio das dores e tensões musculares presentes em algumas das arboviroses, principalmente a chikungunya. As PICS são seguras, e algumas delas possuem resultados superiores a determinados analgésicos e anti-inflamatórios para o controle das dores musculares, inclusive aquelas provocadas pelas arboviroses (SOUZA et al., 2022). Entretanto, a oferta das PICs no manejo das arboviroses e outras enfermidades não é uma realidade para todas as pessoas e medidas para sua efetiva distribuição precisam ser levadas em consideração. É evidente a importância que essas práticas possuem frente às questões supracitadas, visto isso, estabelecer uma relação direta das PICs com o tratamento da dengue, da zika e da chikungunya é uma proposta que pode contribuir para a realização de novos estudos, fomento à produção científica e incorporação de novas tecnologias (ALVES, 2019). Conclui-se dessa forma a importância da ampliação de pesquisas em relação às arboviroses epidêmicas no Brasil com o objetivo de ampliar as informações epidemiológicas, o métodos diagnóstico e de tratamento e a utilização e disponibilização das PICS no manejo de tais afecções.

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências:

Sousa, S.S.d.S.; Cruz, A.C.R.; Oliveira, R.d.S.; Pinheiro, V.C.S. Características clínicas e epidemiológicas das arboviroses epidêmicas no Brasil: Dengue, Chikungunya e Zika. 2023, 23, e13518–e13518, https://doi.org/10.25248/reas.e13518.2023.

 

SANTOS, L. H. O. .; SILVA, R. R. de S. Analysis of the epidemiological profile of arboviruses (dengue, zika and chikungunya) from 2020-2022 in Brazil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 9, p. e6912943229, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i9.43229. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/43229. Acesso em: 30 dec. 2023.

 

ALVES, João Armando. Práticas integrativas e complementares em saúde na prevenção, controle e tratamento das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya: uma sistematização qualitativa, Brasil 2019. 2020.

 

DE SOUZA, Silvia Ribeiro; ALVES, João Armando. COMO AS PICS PODEM ATUAR SOBRE AS ARBOVIROSES DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA?. Esta obra é licenciada nos termos Creative Commons sob a licença: Atribuição-Sem Derivações-Sem Derivados-CC BY-NC-ND, sendo todos os direitos reservados. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, desde que citada a fonte., p. 5, 2022.

Qdenga chega ao SUS em 2024: Brasil é o primeiro país a aplicar vacina contra a Dengue gratuitamente.

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Por Laís Felício

Na última quinta-feira (21/12/2023), o Ministério da Saúde do Brasil anunciou um marco para a saúde pública, sendo o Brasil o primeiro país do mundo a incorporar a vacina Qdenga no Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema público e universal. A Qdenga, desenvolvida pela Takeda, é um imunizante contra a dengue que será inicialmente disponibilizado de forma limitada, devido à capacidade restrita de fornecimento de doses pelo fabricante. A decisão de incorporar a vacina ao SUS veio da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) que recomendou a inclusão da Qdenga, considerando a relação custo-benefício e a importância do acesso apropriado da população à imunização. Além disso, a Qdenga já havia sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano para ser registrada como um novo imunizante contra a dengue. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia a vacina Qdenga é um imunizante tetravalente, de vírus vivo atenuado, que deve ser administrado em 2 doses com intervalo de 3 meses entre as doses, independentemente do histórico de infecção. A Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos de idade, mas por ser de vírus vivo atenuado a vacina não é recomendada para gestantes, mulheres durante a amamentação, imunodeficientes e pessoas com hipersensibilidade à primeira dose.  A Ministra da Saúde Nísia Trindade relatou: “Seremos pioneiros ao oferecer acesso público a essa vacina como parte do SUS. Até o início do próximo ano, definiremos os grupos prioritários, considerando a limitação da Takeda em relação ao número de doses disponíveis.”

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), juntamente com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), agora irão desenvolver as estratégias de distribuição das doses disponíveis, estabelecendo os grupos prioritários para a vacinação e identificando as áreas com maior prevalência da dengue para a aplicação das doses. A previsão é que a Takeda forneça 5.082 milhões de doses em 2024, distribuídas entre fevereiro e novembro. Segundo o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS),  a incorporação da Qdenga reafirma o compromisso com a saúde da população. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde houve uma redução de 44% do preço por dose, que passou de R$ 170,00 para R$ 95,00, sendo que o valor economizado é destinado a saúde pública.

Essa implementação no SUS veio em resposta aos índices expressivos de dengue em 2022 e a presença simultânea dos quatro sorotipos do vírus em 2023. Com isso, houve um aumento do investimento em ações preventivas, que já teve como resultado a inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA) para um monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika, e agora a incorporação da Qdenga ao Sistema Único de Saúde.