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Promovendo saúde: Estratégias Cruciais na Prevenção do HIV/AIDS e do Câncer de Pele

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O mês de dezembro é marcado como o mês de conscientização sobre HIV/AIDS (dezembro vermelho) e sobre o câncer de pele (dezembro laranja).

 

O Dezembro Vermelho é uma campanha nacional, instituída pela lei nº 13.504/2017, que visa a conscientização, prevenção e proteção de direitos relacionados ao HIV, AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A AIDS é uma condição causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que ataca o sistema imunológico principalmente os linfócitos T CD4+, responsáveis por proteger o corpo humano de doenças (RACHID; SCHECHTER, 2017).

A transmissão do HIV ocorre por meio de atividades que envolvem contato direto com fluidos corporais infectados, como sangue, secreções sexuais e leite materno. Isso inclui relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal e oral), compartilhamento de agulhas, transfusão de sangue contaminado e transmissão vertical da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Também pode ocorrer por meio de perfuro cortantes não esterilizados, como alicates (BRASIL, 2023).

É fundamental desmistificar informações incorretas sobre a transmissão do HIV, esclarecendo que uma pessoa NÃO se infecta através de atividades cotidianas ou contato casual, como sexo protegido com uso correto de preservativo, masturbação compartilhada, beijos no rosto ou boca, suor, lágrimas, picadas de insetos, aperto de mão, uso compartilhado de sabonetes, toalhas, lençóis, talheres, copos, assentos de ônibus, piscinas, banheiros, doação de sangue ou pelo ar (BRASIL, 2023).

Para prevenção do HIV/AIDS, é essencial o uso de preservativos em todas as formas de relação sexual, seguir medidas de prevenção como esterilização de perfuro constantes reutilizáveis, realizar exames diagnósticos e tratamento de outras ISTs. Destaca-se que as pessoas com HIV têm direito ao tratamento imediato com medicamentos antirretrovirais, que ajudam a controlar o vírus e proteger o sistema imunológico. Além disso, a prevenção combinada inclui testagem para IST, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização, redução de danos e outras estratégias para garantir a saúde pública (UNIFAP, 2021).

O Dezembro Laranja é uma campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia focada na prevenção do câncer de pele, o tipo mais comum no Brasil.  Um dos principais fatores de risco é a exposição solar sem proteção que pode levar ao desenvolvimento do câncer de pele. As medidas preventivas incluem evitar a exposição excessiva ao sol, especialmente durante o horário mais intenso de 9 às 15 horas, e o uso diário de protetor solar (UNIFAP, 2021).

Como mencionado anteriormente, a exposição prolongada e repetida ao sol aumenta o risco para o câncer de pele, além disso o risco é maior entre as pessoas que possuem pele clara, olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ou que são albinas, que possuem histórico ou histórico familiar de câncer de pele e que possuem muitas pintas pelo corpo. Porém esses fatores não descartam os cuidados que as pessoas de pele negra também precisam tomar, mesmo que a incidência desse tipo de câncer seja menor (BRASIL, 2023).

É essencial se atentar para os sintomas do câncer de pele e buscar um dermatologista em caso de surgimento de manchas que coçam, descamam ou que sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e/ou ainda feridas que não cicatrizam em 4 semanas (BRASIL, 2023). É possível realizar no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia um teste do risco para esse tipo de câncer preenchendo um simples questionário (questionário de risco para câncer de pele ), de forma a alertar os usuários quanto aos cuidados necessários.

Por fim, destaca-se a relevância dessas campanhas para a saúde da população, trabalhando para a prevenção tanto do HIV/AIDS quanto do câncer de pele, tendo em vista que ambos apresentam um alto número de incidência em nosso país.

 

Texto escrito por: Laís Ferreira Felício, pesquisadora bolsista da MedYes e graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Viçosa.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Aids/HIV: transmissão da Aids/HIV. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aids-hiv/transmissao-da-aids-hiv< /span>. Acesso em: 15 dez. 2023

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Dezembro Laranja: prevenção e detecção precoce do câncer de pele. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/prevencao-ao-cancer/dezembro-laranja-prevencao-e-deteccao-precoce-do-cancer-de-pele. Acesso em: 15 dez. 2023.

 

RACHID, Marcia; SCHECHTER, Mauro. Manual de HIV/aids. Thieme Revinter Publicações LTDA, 2017.

 

UNIFAP. Rádio e TV Universitária. Conheça as campanhas de saúde do mês de dezembro. 2021. Disponível em: https://www2.unifap.br/radio/conheca-as-campanhas-de-saude-do-mes-de-dezembro/ . Acesso em: 15 dez. 2023.

Humanização no Cuidado Domiciliar de Saúde: Ciência, perspectivas e desafios

By Gestão de Saúde, Inovação, Notícias No Comments

Muito se discute acerca dos efeitos da humanização do cuidado em saúde, mas, ainda, têm-se poucas análises sistemáticas quanto às suas reais potencialidades, sobretudo científicas. O elevado aprisionamento da grande maioria desses debates no campo teórico inviabiliza descobrimentos concretos, capazes de difundir as perspectivas de atenção humanizada de saúde em todos os serviços embasados no cuidado. Essa perspectiva, que vem ganhando espaço na área da saúde, preza pelo reconhecimento do ser acolhido com um indivíduo único, que demanda cuidados personalizados e que deve ser reconhecido como um ser detentor de anseios, desejos e necessidades singulares, não focando apenas na patologia ou disfunção de saúde.

Apesar disso, é fato que classifica-se como consenso, entre a grande maioria dos profissionais da saúde, que a humanização do cuidado é uma estratégia essencial para aproximar um indivíduo, em um contexto de vulnerabilidade de saúde, do seu processo de recuperação. Apesar disso, por que ainda não vemos esse recurso, capaz de melhorar a assistência de saúde, sendo consolidado nos serviços de saúde, incluindo o domiciliar? Convidamos você, leitor, a refletir conosco.   

A concepção de humanizar o cuidado não é atual. Há vários anos, pensadores e pesquisadores da área da saúde já reconheciam essa linha de pensamento como indispensável. Na história da Enfermagem, por exemplo, Florence Nightgale já previa a necessidade de se oportunizar um ambiente acolhedor ao ser humano que estivesse enfermo. A enfermeira Wanda Horta também reforçou essa premissa em sua teoria das Necessidades Humanas Básicas.

No contexto da atenção domiciliar, a necessidade de humanizar a assistência à saúde não é diferente. Sem dúvidas, dar a oportunidade de um enfermo ser assistido em seu lar, no conforto do lugar diante do qual possui um sentimento de pertencimento e segurança, é uma premissa alinhada à humanização, mas que nem sempre é o suficiente. Além de garantir essa possibilidade de acolhimento residencial, é importante que as pessoas envolvidas no processo saúde-doença tenham em mente a imprescindibilidade de, cada vez mais, dar maior dignidade ao corpo vivo, sejam elas familiares, profissionais da saúde, amigos. 

Os desafios são muitos. Nas redes hospitalares, a grande carga de trabalho sobre os profissionais da saúde, diversas vezes, inviabiliza a implementação de mecanismos de humanização da assistência, bem como o ambiente acelerado em questão. Em destaque, a má remuneração e baixa valorização de inúmeros profissionais da saúde também desestimula eles a debruçar sobre formas de humanizar os atendimentos. A falta de discussão acerca do tema, durante a formação acadêmica, também é um imbróglio que impede atendimentos mais acolhedores nas redes de atenção à saúde, sejam públicas ou privadas. 

Contudo, e como já explorado antes, a escassez de estudos voltados para a reflexão e para a idealização de estratégias para implementação das perspectivas humanistas de saúde na prestação de serviços direcionados à recuperação e manutenção do bem-estar humano coage e desestimula inovações e a própria estruturação de planos e políticas públicas para adoção e propagação dessas compreensões. 

A atenção domiciliar figura-se como um cenário passível de implementação e exploração de instrumentos para humanizar o acolhimento. Sabe-se que, em muitos casos, o acompanhamento de um domiciliado é contínuo, sem muitas intercorrências clínicas, o que pode favorecer o desenvolvimento de um clima estagnado , ou seja, sem muitas interações, principalmente entre o ser acolhido e o ser acolhedor. Diante disso, ressalta-se a importância de se desbravar os recursos de acolhimentos humanizados, para, principalmente, garantir que o processo de recuperação seja mais ágil e efetivo. 

Entre as táticas de humanização está a de aproximar o profissional da saúde do seu paciente-cliente. Assim, a assistência faz-se mais cômoda, pois um passa a conhecer melhor o outro. O profissional da saúde que conhece bem o indivíduo assistido pode oportunizar um tratamento mais personalizado, que esteja condizente com as reais necessidade dele, sem apenas focar em técnicas e protocolos, os quais muitas vezes não é o mesmo para diferentes pessoas. 

Por fim, é indispensável que esses princípios sejam amplamente divulgados, com o intuito de fomentar a busca por métodos capazes de ampliar a qualidade do cuidado. De fato, fechar os olhos para aquilo que traz luz e generosidade pode ser um fator perigoso para o cenário de reabilitação de saúde. Para reverter toda essa situação, é primordial a interação e estreitamento de relações  multiprofissionais dos segmentos profissionais da saúde, dos órgãos governamentais e, principalmente, no campo acadêmico-científico.   

  

Escrito por Cláudio Felipe de Oliveira – Acadêmico de Medicina vinculado à Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga. 

Revisado por Flávia Batista Barbosa de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde vinculada à Universidade Federal de Viçosa. 

SETOR CIENTÍFICO MEDYES 

 

REFERÊNCIAS 

BACKES, DS et al. Contribuições de Florence Nightingale como empreendedora social: da enfermagem moderna à contemporânea. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, 2020.

FARIAS, FBB et al. Cuidado humanizado em UTI: desafios na visão dos profissionais de saúde. Revista de Pesquisa: Cuidado é fundamental online, v. 5, n. 4, p. 635-642, 2013.

MORETO, G; BLASCO, PG. Humanizando a Saúde: Preocupação ou Ocupação?. Archivos en Medicina Familiar. Vol, v. 21, n. 3, p. 85-88, 2019.

RODRIGUES, MC. HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM HOME CARE. Revista Eletrônica Ciência & Tecnologia Futura, v. 1, n. 2, 2021.

SANTOS, ECG et al. Processo de Enfermagem de Wanda Horta-Retrato da obra e reflexões. Revista Internacional de Historia y Pensamiento Enfermero, v. 15, p. e12520-e12520, 2019.

SARMENTO  IP,  SARMENTO  RP,  LISBOA  KO,  Bernardes  VRM,  Manso GG, Cardoso HC. A humanização na assistência à saúde:  uma  revisão  histórica  da  literatura.  Rev. Educ. Saúde. 2021;9(2): 78-87

SILVA, ID; SILVEIRA, MFA. A humanização e a formação do profissional em fisioterapia. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. suppl 1, p. 1535-1546, 2011.

VILA, V. da S.C; ROSSI, L.A. O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapia intensiva: “muito falado e pouco vivido”. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10. n. 2, 2002.