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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES À SAÚDE NA PREVENÇÃO, CONTROLE E TRATAMENTO DAS ARBOVIROSES EPIDÊMICAS NO BRASIL

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 As arboviroses são doenças causadas por arbovírus, ou seja, vírus que são transmitidos por artrópodes onde parte de seu ciclo reprodutivo acontece. Levando em consideração o território brasileiro, três arboviroses se tornam epidêmicas e são vistas como um problema de saúde pública levando em conta o crescimento no número de casos hodiernamente, são elas a Dengue, Zika e a Chikungunya transmitidas ao homem principalmente pela picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti. Nesse viés, é válido ressaltar que alguns fatores como o aumento populacional, a urbanização não planejada, as variações climáticas e destruição de biomas são alguns dos diversos fatores que explicam o crescimento da expansão geográfica dos vetores nas áreas tropicais e subtropicais e consequentemente da transmissão dessas doenças (SOUZA et al., 2023). De  acordo  com  dados  colhidos  pelo boletim  epidemiológico das  arboviroses  de  2020  a  2022, foram  registrados  cerca  de  2.897.750  de  casos prováveis  de duengue, 501.447 casos prováveis de chikungunya e 48.751 casos prováveis de zika, o que equivale em termos numéricos a 3.447.948 casos prováveis dessas três arboviroses registrados nesses últimos anos pelo Sistema  de  Informação de Agravos de  Notificação, em 2023 (SANTOS et al., 2023).

 

   As manifestações clínicas das arboviroses são similares e variam de uma febre indiferenciada até síndromes neurológicas e hemorrágicas, sendo que os casos mais graves muitas vezes são reconhecidos somente após uma grande infestação dessas enfermidades. Nesse cenário, a ineficácia dos métodos diagnósticos e terapêuticos que se restringe ao tratamento das manifestações clínicas e a deficiência de informações epidemiológicas das arboviroses  se configuram como um fator agravante que muitas das vezes contribuem para o agravamento das manifestações clínicas e para o surgimento de óbitos. As epidemias destas doenças são caracterizadas sobretudo pela variação do perfil epidemiológico da população afetada, da emergência e reemergência dos sorotipos circulantes, do aumento dos casos graves e do número de óbitos muitas vezes em decorrência de diagnósticos tardios ou equivocados e de métodos assistenciais deficiêntes  (SOUZA et al., 2023).

   É válido ressaltar que as arboviroses podem ser transmitidas de forma vertical, transfusional e principalmente vetorial no ciclo humano-vetor-humano, sendo que alguns estudos apontam para a transmissão da febre zika através do contato sexual. Em relação à dengue, a arbovirose urbana de maior impacto epidêmico, as manifestações clínicas vão desde febre, cefaleia, artralgia e mal-estar até hemorragia, choque, óbitos e sintomas atípicos como encefalite, encefalopatia, miocardite e hepatite fulminante. Já na Chikungunya os principais achados são febres>39 graus, erupções cutâneas, poliartralgias, cefaléia, mialgia, fadiga, náuseas, vômitos e óbitos. A Zika se manifesta através de sinais e sintomas brandos e autolimitados como febre baixa, erupções cutâneas, fadiga, cefaléia, conjuntivite ou pode resultar em efeitos mais graves como infecção neonatal, microcefalia, meningite, meningoencefalite e Síndrome de Guillain barré. a. A similaridade de sintomas que há entre as arboviroses, compromete o diagnóstico clínico, por isso, o diagnóstico preciso e confiável, realizado por meio de testes moleculares figura-se de grande relevância para a vigilância epidemiológica  (SOUZA et al., 2023).

    Nesse contexto, é  de grande sutileza elucidar o papel das Práticas Integrativas e Complementares à saúde na prevenção, controle e tratamento das Arboviroses. Essas práticas representam a medicina tradicional e são complementares à medicina convencional, e no brasil, são orientadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), publicada no ano de 2006 e são ofertadas pelo Sistema Único de Saúde. As PICs são práticas humanizadas e que garantem o cuidado holístico do ser humano, se fazendo presentes em diferentes topologias, culturas, classes sociais e níveis de atenção à saúde (SOUZA et al., 2022). Tratam-se de ações que consideram a subjetividade de cada usuário na perspectiva da interdisciplinaridade por meio da aplicação do conhecimento tradicional no cuidado integral tendo em vista o controle e a participação social nas estratégias envolvendo o manejo dos processos de saúde e doença (ALVES, 2019).

    Dentre as PICS regulamentadas e ofertadas através do SUS, destaca-se a fitoterapia como um recurso no controle e tratamento das manifestações clínicas das arboviroses. É válido lembrar que os fitoterápicos são diferentes das plantas medicinais visto que estes requerem técnicas específicas desde seu plantio até sua administração. O emprego das plantas para tratar sintomas como dores, tosse e inflamações e para cuidados com a pele é bastante comum. Seus usos como analgésicos e antitérmicos remetem diretamente aos sintomas das arboviroses, incluindo-se as indicadas como relaxantes musculares. No entanto, efeitos adversos podem surgir diante do uso indevido dessa prática, como é o exemplo do guaco (Mikania glomerata) que pode causar em hemorragia e arritmias cardíacas, agravando potencialmente os efeitos dessas enfermidades. Nesse viés, fica evidente a importância do conhecimento e uso correto da fitoterapia (SOUZA et al., 2022).

   Outrossim, algumas pesquisas afirmam o uso de fitoterápicos como repelentes ingeridos na forma de chás ou usados durante banhos como é o caso da  infusão de cana brejeira (Costus sp.) é utilizada na forma de banho para o alívio de prurido presente na  chikungunya. Para repelir o mosquito Aedes aegypti, seja no ambiente ou com uso tópico, a citronela (Cymbopogon winterianum) e o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) diluídos em álcool, separadamente ou em combinações variadas e dentre outras. Essas plantas são consideradas ótimas estratégias quando comparadas com repelentes sintéticos visto que além de funcionarem como bio repelentes elas controlam o crescimento vetorial sem trazer danos ao meio ambiente. As arboviroses requerem a descoberta de novos agentes de baixo custo que possam controlar as larvas do mosquito sem produzir qualquer resistência cruzada, nesse sentido cabe ressaltar também o uso de alguns óleos essenciais usados como repelentes do mosquito Aedes aegypti dentre outros  (SOUZA et al., 2022).

  Ademais, Pesquisas recentes mostram que PICS como acupuntura, meditação, tai chi, qigong, yoga e massagem são efetivas para o tratamento de dor lombar, fibromialgia e outras dores de origem osteomuscular, incluindo-se aquelas adquiridas após as arboviroses dengue, zika e chikungunya. No entanto, a auriculoterapia e automassagem são utilizadas com maior frequência no manejo de cefaléias, artralgias e mialgias. Ademais, a auriculoterapia tem raízes na medicina tradicional chinesa e se baseia em estímulos aplicados em pontos específicos do pavilhão auricular traçados em forma de microssistema oferecendo efeitos físicos e psíquicos. Estudos apontam que a utilização dessa prática acarreta na diminuição das dores articulares e no uso de medicamentos convencionais, além de aumentar de forma proeminente a qualidade de vida dos pacientes infectados pelos arbovírus  (SOUZA et al., 2022). 

  A automassagem consiste em um processo onde o próprio paciente toca seu corpo com pressões diferentes com o intuito de melhorar seus processos fisiológicos, promovendo relaxamento muscular, conforto físico e psíquico através do autocuidado holístico. A partir disso, essa prática é utilizada para o alívio das dores e tensões musculares presentes em algumas das arboviroses, principalmente a chikungunya. As PICS são seguras, e algumas delas possuem resultados superiores a determinados analgésicos e anti-inflamatórios para o controle das dores musculares, inclusive aquelas provocadas pelas arboviroses (SOUZA et al., 2022). Entretanto, a oferta das PICs no manejo das arboviroses e outras enfermidades não é uma realidade para todas as pessoas e medidas para sua efetiva distribuição precisam ser levadas em consideração. É evidente a importância que essas práticas possuem frente às questões supracitadas, visto isso, estabelecer uma relação direta das PICs com o tratamento da dengue, da zika e da chikungunya é uma proposta que pode contribuir para a realização de novos estudos, fomento à produção científica e incorporação de novas tecnologias (ALVES, 2019). Conclui-se dessa forma a importância da ampliação de pesquisas em relação às arboviroses epidêmicas no Brasil com o objetivo de ampliar as informações epidemiológicas, o métodos diagnóstico e de tratamento e a utilização e disponibilização das PICS no manejo de tais afecções.

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências:

Sousa, S.S.d.S.; Cruz, A.C.R.; Oliveira, R.d.S.; Pinheiro, V.C.S. Características clínicas e epidemiológicas das arboviroses epidêmicas no Brasil: Dengue, Chikungunya e Zika. 2023, 23, e13518–e13518, https://doi.org/10.25248/reas.e13518.2023.

 

SANTOS, L. H. O. .; SILVA, R. R. de S. Analysis of the epidemiological profile of arboviruses (dengue, zika and chikungunya) from 2020-2022 in Brazil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 9, p. e6912943229, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i9.43229. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/43229. Acesso em: 30 dec. 2023.

 

ALVES, João Armando. Práticas integrativas e complementares em saúde na prevenção, controle e tratamento das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya: uma sistematização qualitativa, Brasil 2019. 2020.

 

DE SOUZA, Silvia Ribeiro; ALVES, João Armando. COMO AS PICS PODEM ATUAR SOBRE AS ARBOVIROSES DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA?. Esta obra é licenciada nos termos Creative Commons sob a licença: Atribuição-Sem Derivações-Sem Derivados-CC BY-NC-ND, sendo todos os direitos reservados. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, desde que citada a fonte., p. 5, 2022.

Promovendo saúde: Estratégias Cruciais na Prevenção do HIV/AIDS e do Câncer de Pele

By Gestão de Saúde No Comments

O mês de dezembro é marcado como o mês de conscientização sobre HIV/AIDS (dezembro vermelho) e sobre o câncer de pele (dezembro laranja).

 

O Dezembro Vermelho é uma campanha nacional, instituída pela lei nº 13.504/2017, que visa a conscientização, prevenção e proteção de direitos relacionados ao HIV, AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A AIDS é uma condição causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que ataca o sistema imunológico principalmente os linfócitos T CD4+, responsáveis por proteger o corpo humano de doenças (RACHID; SCHECHTER, 2017).

A transmissão do HIV ocorre por meio de atividades que envolvem contato direto com fluidos corporais infectados, como sangue, secreções sexuais e leite materno. Isso inclui relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal e oral), compartilhamento de agulhas, transfusão de sangue contaminado e transmissão vertical da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Também pode ocorrer por meio de perfuro cortantes não esterilizados, como alicates (BRASIL, 2023).

É fundamental desmistificar informações incorretas sobre a transmissão do HIV, esclarecendo que uma pessoa NÃO se infecta através de atividades cotidianas ou contato casual, como sexo protegido com uso correto de preservativo, masturbação compartilhada, beijos no rosto ou boca, suor, lágrimas, picadas de insetos, aperto de mão, uso compartilhado de sabonetes, toalhas, lençóis, talheres, copos, assentos de ônibus, piscinas, banheiros, doação de sangue ou pelo ar (BRASIL, 2023).

Para prevenção do HIV/AIDS, é essencial o uso de preservativos em todas as formas de relação sexual, seguir medidas de prevenção como esterilização de perfuro constantes reutilizáveis, realizar exames diagnósticos e tratamento de outras ISTs. Destaca-se que as pessoas com HIV têm direito ao tratamento imediato com medicamentos antirretrovirais, que ajudam a controlar o vírus e proteger o sistema imunológico. Além disso, a prevenção combinada inclui testagem para IST, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização, redução de danos e outras estratégias para garantir a saúde pública (UNIFAP, 2021).

O Dezembro Laranja é uma campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia focada na prevenção do câncer de pele, o tipo mais comum no Brasil.  Um dos principais fatores de risco é a exposição solar sem proteção que pode levar ao desenvolvimento do câncer de pele. As medidas preventivas incluem evitar a exposição excessiva ao sol, especialmente durante o horário mais intenso de 9 às 15 horas, e o uso diário de protetor solar (UNIFAP, 2021).

Como mencionado anteriormente, a exposição prolongada e repetida ao sol aumenta o risco para o câncer de pele, além disso o risco é maior entre as pessoas que possuem pele clara, olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ou que são albinas, que possuem histórico ou histórico familiar de câncer de pele e que possuem muitas pintas pelo corpo. Porém esses fatores não descartam os cuidados que as pessoas de pele negra também precisam tomar, mesmo que a incidência desse tipo de câncer seja menor (BRASIL, 2023).

É essencial se atentar para os sintomas do câncer de pele e buscar um dermatologista em caso de surgimento de manchas que coçam, descamam ou que sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e/ou ainda feridas que não cicatrizam em 4 semanas (BRASIL, 2023). É possível realizar no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia um teste do risco para esse tipo de câncer preenchendo um simples questionário (questionário de risco para câncer de pele ), de forma a alertar os usuários quanto aos cuidados necessários.

Por fim, destaca-se a relevância dessas campanhas para a saúde da população, trabalhando para a prevenção tanto do HIV/AIDS quanto do câncer de pele, tendo em vista que ambos apresentam um alto número de incidência em nosso país.

 

Texto escrito por: Laís Ferreira Felício, pesquisadora bolsista da MedYes e graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Viçosa.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Aids/HIV: transmissão da Aids/HIV. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aids-hiv/transmissao-da-aids-hiv< /span>. Acesso em: 15 dez. 2023

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Dezembro Laranja: prevenção e detecção precoce do câncer de pele. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/prevencao-ao-cancer/dezembro-laranja-prevencao-e-deteccao-precoce-do-cancer-de-pele. Acesso em: 15 dez. 2023.

 

RACHID, Marcia; SCHECHTER, Mauro. Manual de HIV/aids. Thieme Revinter Publicações LTDA, 2017.

 

UNIFAP. Rádio e TV Universitária. Conheça as campanhas de saúde do mês de dezembro. 2021. Disponível em: https://www2.unifap.br/radio/conheca-as-campanhas-de-saude-do-mes-de-dezembro/ . Acesso em: 15 dez. 2023.

Idoso com fratura

Prevenção de lesão por pressão em ambiente domiciliar e seus fatores de risco

By Home Care, Sem categoria No Comments

 

De acordo com o estabelecido pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel a Lesão por Pressão (LPP) caracteriza-se por ser um dano tecidual localizado na pele e/ou tecidos subjacentes, a qual, geralmente, está situada sobre proeminência óssea, sendo resultado da pressão ou de uma combinação entre esta, e forças de torção, fricção e cisalhamento. Os fatores para o seu desenvolvimento são diversos, podendo ser intrínsecos como a idade do paciente, desnutrição e baixa pressão arterial, e extrínsecos como pressão, tração, cisalhamento e umidade. Nesse viés, a incidência dessa adversidade se configura como um problema de saúde pública levando em consideração os números e o aumento da morbimortalidade mundial, sendo um indicativo negativo da assistência à saúde (MENA et al., 2020).

Em ambiente domiciliar a chance de ocorrência das LPP é maior uma vez que a grande parte dos pacientes domiciliares são idosos e apresentam imobilidade, além de serem assistidos na maioria das vezes por seus familiares e cuidadores que geralmente não possuem conhecimentos sobre a profilaxia e o manejo de tal evento adverso ou possuem medo de realizar alguns procedimentos de prevenção, como é o caso da alternância de decúbito de pacientes em uso de dispositivos médicos. A idade é considerada um fator de risco para seu desenvolvimento devido a fragilidade da pele e à diminuição da mobilidade. Outros fatores como o tabagismo, álcool, perda da função sensorial e cognitiva, elasticidade e turgor da pele diminuídos, baixa perfusão tecidual, temperatura corporal e morbidades relacionadas ao sistema cardiovascular, neurológico, endócrino e muscular podem aumentar os riscos de surgimento das lesões por pressão (MENA et al., 2020).

 

FATORES QUE IMPEDEM A PREVENÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Alguns fatores são considerados barreiras para a prevenção dessas feridas, como a sobrecarga dos cuidadores, baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade/conhecimentos e educação em saúde deficiente. Nessa perspectiva, para a eficácia profilática se efetivar é preciso envolver o paciente e o familiar no cuidado, levando em consideração o documento Pressure Injury Prevention Points, publicado pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel que separa a prevenção em cinco dimensões: Avaliação de risco, cuidado com a pele, nutrição, educação e reposicionamento/mobilização. A educação em saúde é de extrema importância para a instrumentalização da família e do paciente orientando-os sobre a utilização de tecnologias importantes na prevenção, sendo a enfermagem uma grande protagonista nesse processo, podendo ofertar informações até mesmo por meio de tecnologias digitais. Ademais, a inspeção diária da pele tem como objetivo identificar precocemente áreas avermelhadas, com alteração na temperatura e da consistência assim como as regiões de proeminências ósseas que não devem estar sob pressão, fricção e cisalhamento que podem provocar a oclusão vascular e dano tecidual em tal topografia. Assim, é importante o controle de umidade, a limpeza adequada e a manutenção da hidratação da pele do paciente (MENA et al., 2020).

Dentre as estratégias de prevenção, destaca-se também o uso de colchões especiais de redistribuição de pressão, o uso de almofadas em regiões de saliência óssea e em locais estratégicos que promovam alívio das forças da gravidade e evite lesões de posicionamento como é o caso da lesão no tendão de dorsiflexão do pé, além da hidratação corporal e o controle nutricional do paciente através de consultas com a equipe de nutricionistas. Vale ressaltar que a alternância de decúbito é fundamental sendo recomendado o tempo máximo de permanência em um mesmo decúbito de 2 horas aliado ao uso de coberturas como a espuma de poliuretano na profilaxia de feridas (MENA et al.,2020). Dado tais afirmações, é necessário evidenciar que a população mundial está passando por uma inversão na pirâmide etária se tornando cada vez mais predominante a população idosa. Nesse viés, urge que ações voltas para esse grupo assumam posição de prioridade e prevalência sendo ofertadas por meio da Atenção Domiciliar (AD) garantindo a continuidade do cuidado por meio de ações de promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação, por meio de visita domiciliar e consulta dos profissionais integrantes da equipe (VANDERLEY et al., 2021).

Destaca-se que o surgimento da AD se relaciona à dificuldade de acesso aos outros sistemas de saúde, sendo esta importante na redução dos riscos de desenvolvimento de LPP por parte de pacientes restritos ao domicílio e principalmente com mobilidade prejudicada no leito. Dessa forma, a utilização de escalas de profilaxia é de extrema importância no desenvolvimento de tal ação, destacando-se a Escala de Braden que avalia os aspectos de percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição, fricção e cisalhamento. Destaca-se que são escassos os estudos que abordam a temática de LPP em pacientes atendidos em domicílio, denotando a necessidade de expansão nas pesquisas acerca deste assunto, a fim de trazer subsídios para propostas de intervenções eficazes no combate ao desenvolvimento das referidas lesões por meio de sugestão de estratégias de prevenção que é essencial para o funcionamento dos atendimentos domiciliares (VANDERLEY et al., 2021).

PREVENÇÃO NO AMBIENTE DOMICILIAR 

É válido evidenciar que os pacientes domiciliares e principalmente os idosos são vítimas da Síndrome da imobilidade caracterizada como um complexo de sinais e sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos articulares e, por conseguinte, da incapacidade da mudança postural, tendo como uma das principais consequências o surgimento de LPP. Postula-se que as medidas de prevenção, como o uso de coberturas e manutenção da integridade epitelial, são simples e passíveis de serem realizadas pelos cuidadores e familiares em contexto de home care desde que a educação em saúde seja bem empregada (SANTOS et al., 2020).

Conclui-se, portanto, que as LPP se configuram hodiernamente como um problema de saúde pública mundial cada vez maior e proporcional à quantidade de pacientes em contexto domiciliar e ao envelhecimento da população. A partir disso, é preciso que os profissionais de saúde, e principalmente a enfermagem, se atente para a educação em saúde de cuidadores, familiares e pacientes. Dessa forma, medidas pautadas em evidências científicas serão priorizadas e empregas em consultas e ou cuidados de home care proporcionando uma série de benefícios para os pacientes restritos ao domicílio, diminuição das morbimortalidades e melhoria dos indicadores de saúde no mundo.

 

 

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.