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Epidemiologia e aspectos clínicos das hepatites virais e a importância de sua prevenção e combate

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A hepatite viral é uma doença caracterizada por um processo inflamatório que acomete os hepatócitos, ou seja, as células do fígado. Dentre as causas, se inclui a infecção causada por vírus hepatotróficos-A,B,C,D,E, os quais são diferenciados por sutis alterações em seu material genético. Os subtipos da doença variam de acordo com agente etiológico, potencial de cronicidade, formas de transmissão, manifestações clínicas e métodos terapêuticos (MORAIS et al.,2024). As hepatites virais constituem um dos temas que compõem o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), sendo com maior frequência o protocolo usado nos casos de hepatite B, hepatite C e Coinfecções, publicados pelo Ministério da Saúde do Brasil (DUARTE et al.,2021). Nesse viés, a preocupação com as HV e a mobilização para a luta contra elas são mundiais. A estratégia global do setor de Saúde, da OMS, endossada pelo Brasil, adota iniciativas voltadas à prevenção e ao controle dessa doença, com o intuito de obter resultados até o ano de 2030. O objetivo é reduzir em 90% as novas infecções e em 65% as mortes (NOVAES et al., 2021).

Globalmente, essas infecções são responsáveis por mais de 1,34 milhões de óbitos por ano, dos quais 66% são causadas pela hepatite B, 30% pela hepatite C e 4% pela hepatite A. Essas mortes são causadas, principalmente, pelas complicações crônicas das hepatites, como insuficiência hepática, cirrose e hepatocarcinoma. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 354 milhões de pessoas ao redor do mundo vivem com hepatite B ou C, sem acesso a testes ou tratamento (MORAIS et al.,2024). Outrossim, entre os anos de 1999 a 2019, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) registrou a ocorrência de 673.389 casos de hepatites virais no Brasil (DUARTE et al.,2021).  A transmissão da doença muda conforme o seu subtipo, sendo que a hepatite A e E é transmitida de forma fecal-oral, por meio de água e alimentos contaminados. Por outro lado, as hepatites B e C são transmitidas por meio de sangue, de forma vertical e por via sexual (MORAIS et al.,2024). No entanto, é preciso salientar a existência de estudos que relatam a transmissão do vírus da hepatite A através do contato sexual, o que reforça a necessidade de existência de medidas profiláticas entre os adultos e não só para crianças (DUARTE et al.,2021).

Nesse contexto, cabe salientar que a hepatite A causou a morte de 7.134 pessoas em 2016, com 50% dos casos no continente Asiático. O vírus da hepatite B foi a causa da morte de 29% das pessoas portadoras de cirrose hepática no mundo e com câncer hepático, durante o ano de 2017. Sua forma crônica teve prevalência de 257 milhões de pessoas em 2015, com 68% em regiões africanas com transmissão vertical e através do uso de drogas intravenosas e sexualmente. Somado a isso, o HCV se manifestou entre os anos de 1990 a 2010 com um aumento progressivo, sendo que mais de 71 milhões de pessoas são portadoras do vírus, estando presente em todas as partes do mundo devido aos seus vários sorotipos. Da mesma forma, houve um aumento de pessoas contaminadas com o vírus da hepatite D, com estimativa de 72 milhões de infectados. Nesse sentido, a OMS estima 20 milhões de novas infecções pelo HVE a cada ano mundialmente  (BORGES et al.,2023).

Salienta-se que esta doença é negligenciada e está diretamente ligada ao nível socioeconômico de cada região. A hepatite é evitável, tratável e, no caso da hepatite C, as chances de remissão são significativas. Prevalece, hodiernamente, grandes iniquidades no acesso aos métodos de prevenção, tratamento e controle  (NOVAES et al., 2021). As hepatites virais representam uma grande problemática devido à elevada taxa de prevalência, incidência e mortalidade. Sendo assim, seus casos são considerados como casos de notificação compulsória, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública (TIMÓTEO et al., 2020).

Nos quadros de hepatite A, transmitida pela HAV com genoma composto por ácido ribonucleico, os sintomas vão variar com a idade, sendo frequentemente assintomática em crianças, mas causando sintomas constitucionais como febre, fadiga, inapetência, mal-estar e icterícia em adultos, possuindo tratamento de suporte destinado aos sintomas e vacinação com método de prevenção. No caso da hepatite B, o tratamento com antirretrovirais pode controlar a replicação viral, melhorando o prognóstico, embora a eliminação completa do agente etiológico seja um grande gargalo do tratamento, sendo a vacinação, novamente, fundamental na profilaxia. Já em relação ao HCV, o subtipo está associado a várias complicações hepáticas, seu agente etiológico sofre uma série de mutações, o que dificulta seu tratamento e contribui para o aumento de seu potencial de cronicidade, no entanto, a maior parte dos pacientes são assintomáticos. Sua diferença em relação ao tipo B é a possibilidade de evolução para carcinoma hepatocelular sem causar cirrose previamente. A hepatite D é uma complicação da hepatite B e pode resultar em doença hepática grave, possuindo tratamento complexo. Ademais, cabe ressaltar que a hepatite E é comum em áreas com más condições de saneamento, geralmente se manifesta assintomática, podendo causar hepatite aguda autolimitada e de curta duração. Sua prevenção é extremamente importante durante o período gestacional pois a mesma pode causar complicações neonatais (BORGES et al.,2023).

A melhor forma de profilaxia é a vacinação. Entretanto, encontram-se disponíveis apenas vacinas para o subtipo B ofertadas pelo Sistema Único de Saúde e deve ser tomado ainda nos primeiros 6 meses de vida em 3 doses. O diagnóstico da doença é feito pela avaliação de marcadores hepáticos como bilirrubina, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e os testes sorológicos e moleculares específicos para cada subtipo. O tratamento varia, porém, com recorrência é feito com antirretrovirais e interferon com o objetivo de prevenir os danos hepáticos. Atualmente, há cinco medicamentos aprovados para o tratamento da hepatite B: interferon-a, lamivudina, adefovir, entecavir e telbivudina que interferem no processo de replicação viral e defesa celular. Os medicamentos podem causar efeitos colaterais, por isso, é necessário o acompanhamento multidisciplinar durante todo o tratamento (MORAIS et al.,2024). É possível evidenciar que o tratamento medicamentoso da hepatite B é capaz de reduzir a virulência, a necessidade de transplante hepático e a mortalidade por neoplasias malignas (BORGES et al.,2023). Ressalta-se que o HBV pode mostrar-se como doença aguda ou crônica. Na fase aguda, as manifestações clínicas são comuns a outras hepatites virais (DUARTE et al.,2021).

Já na hepatite C, seu diagnóstico depende da demonstração da presença dos anticorpos específicos anti-HCV, que aparecem na maioria dos infectados cerca de 2 a 8 semanas depois do início da infecção hepática, e da viremia que pode ser identificada cerca de uma semana depois da exposição. Suas complicações ocorrem quase exclusivamente nos doentes que desenvolvem cirrose, muita das vezes silenciosa, se manifestando com descompensação da função hepática, hepatomegalia, esplenomegalia, ascite, hemorragia digestiva alta (varizes esofágicas), encefalopatia, hiperbilirrubinemia, hipoalbuminemia e trombocitopenia. A evolução molecular do vírus desempenha um papel importante na transmissão do HCV, na progressão da doença e no resultado da terapia. Os medicamentos utilizados são Sofosbuvir, Daclatasvir e Simeprevir, que inibem a replicação viral  (MORAIS et al.,2024). O intuito principal do tratamento é fornecer uma resposta sustentada ao vírus, definida como RNA viral indetectável mesmo após 12 semanas do término do tratamento. O tempo de tratamento varia de 12 a 16 semanas considerando o grau de cirrose do paciente, sendo necessário o rastreamento de carcinoma hepatocelular e acompanhamento no caso de fibrose avançada  (BORGES et al.,2023). Na infecção pelo HCV, observa-se que cerca de 50% a 85% das pessoas evoluem para a forma crônica da infecção, apresentando manifestações clínicas inespecíficas como cansaço, alterações do sono, náusea, diarreia, dor abdominal, anorexia, mialgia, artralgia, fraqueza, alterações comportamentais e perda de peso, além de problemas extra-hepáticas (DUARTE et al.,2021).

Em relação a hepatite D, seu vírus é considerado híbrido, sendo capaz de infectar apenas pacientes infectados concomitantemente com HBV, podendo existir a superinfecção, evoluindo frequentemente para a cronicidade e cirrose hepática. Os sintomas incluem icterícia, edema, anorexia e náuseas. O interferon alfa é a única opção terapêutica e causa diminuição da replicação viral e normalização das aminotransferases. Em casos específicos pode ser utilizado o interferon beta, sendo a resposta potencializada quando ocorre o diagnóstico precoce (MORAIS et al.,2024). No caso desse subtipo, opta-se por realizar o tratamento somente para pacientes com RNA viral detectável e doença hepática confirmada . No caso de HEV, quando necessário em casos graves com quadro de insuficiência hepática, o transplante hepático se torna necessário e o tratamento com ribavirina(BORGES et al.,2023).

O diagnósticos das hepatites virais, principalmente os tipos B e C, ocorre na maioria das vezes durante a fase crônica da doença, fato que deve ser considerado no momento da condução terapêutica. Os marcadores bioquímicos relacionados ao funcionamento hepático podem contribuir para o diagnóstico laboratorial das hepatites virais, além de apontar as condições de saúde hepática, sendo eles: gamaglutamil transpeptidase, fosfatase alcalina, bilirrubina conjugada elevada, AST e ALT com valor aumentados de 10 a 40 vezes, sendo possível detectar o aumento das enzimas antes do início dos sintomas. A AST é encontrada em maior quantidade na mitocôndria dos hepatócitos, indicando uma lesão mais grave, já a ALT tem maior predominância no citoplasma, demonstrando dano hepático leve. Quando os pacientes possuem alteração nos marcadores laboratoriais acima, é necessário a realização de exames específicos pela sorologia. O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento e para evitar as formas crônicas das hepatites e suas complicações. Além disso, é de extrema importância que a sociedade conheça as formas de transmissão de cada tipo de hepatite para que possam realizar as medidas profiláticas cabíveis (MORAIS et al.,2024). A incorporação dos testes no SUS ampliou as oportunidades de testagem e de diagnóstico precoce dessas infecções, até mesmo em locais de difícil acesso. A testagem deve ser ofertada ou solicitada para todas as pessoas de maior vulnerabilidade ao agravo e em situações de risco  (DUARTE et al.,2021).

Com base na análise dos dados supracitados, conclui-se que, mesmo com o avanço de pesquisas envolvendo tais afecções virais, os casos de hepatites, bem como suas complicações, continuam prevalentes e em ritmo crescente globalmente. Sendo assim, urge que medidas mitigadoras sejam tomadas para a problemática em questão. Nesse contexto, é de extrema importância que informações sejam elaboradas e disponibilizadas para a população com o intuito de que a mesma conheça as particularidades das hepatites e de seus subtipos. Ademais, evidencia-se a necessidade de maior alcance da sociedade aos métodos de profilaxia, diagnósticos e tratamentos da doença. A divulgação de informações se justifica pela necessidade de dar subsídios para que a sociedade possa ser protagonista no enfrentamento das infecções, reforçando as estratégias de controle e combate em todos os espaços de produção social da saúde.

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências:

 

MENESES, Anna Júlia et al. Hepatites virais de potencial cronicidade. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 4, p. 1543-1557, 2024.

 

BORGES, A. P.; MACHADO, I. C.; FONSECA, L. A.; DE ANDRADE, G. M. N.; SILVEIRA, A. A. D. Hepatites virais – perspectivas atuais de manejo e prevenção. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 6, n. 5, p. 24250–24257, 2023. DOI: 10.34119/bjhrv6n5-475. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/63752. Acesso em: 6 may. 2024.

 

DUARTE, Geraldo et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: hepatites virais. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 30, p. e2020834, 2021.

 

NOVAES, A. C.; TIROLI, C. F. .; RIBEIRO, B. Q.; FERREIRA, N. M. de A.; FURUYA, R. K.; GALHARDI, L. C. F. .; TOMEDI, D. J. G. .; COTARELLI, L. F.; PIERI, F. M. Viral hepatitis in the brazilian context: an integrative review. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e12510111579, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i1.11579. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11579. Acesso em: 7 may. 2024.

 

TIMÓTEO, M. V. F.; ARAUJO, F. J. da R.; MARTINS, K. C. P.; SILVA, H. R. da; SILVA NETO, G. A. da; PEREIRA, R. A. C.; PAULINO, J. de S.; PESSOA, G. T.; ALVINO, V. de S.; COSTA, R. H. F. Epidemiological profile of viral hepatitis in Brazil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 6, p. e29963231, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i6.3231. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/3231. Acesso em: 7 may. 2024.

 

O IMPACTO DA CONDUTA TERAPÊUTICA ADEQUADA NO TRATAMENTO DA DENGUE E NA PREVENÇÃO DE AGRAVOS

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A Dengue é uma arbovirose que dá origem a uma doença infecciosa e é transmitida por mosquitos fêmeas da espécie de Aedes aegypti e Aedes albopictus. O arbovírus constitui o maior grupo conhecido de vírus, apresenta RNA como genoma e é mantido na natureza por meio de transmissão entre hospedeiros vertebrados e artrópodes hematófagos como os Aedes. O vírus da dengue pertence ao gênero Flavivirus e a família Flaviviridae, apresenta quatro sorotipos denominados DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, todos presentes no Brasil. A transmissão ocorre principalmente em áreas temperadas e tropicais geralmente no verão, durante ou após períodos chuvosos, sendo influenciada pela urbanização rápida e não planejada. A doença possui um variado espectro clínico, indo desde manifestações brandas até episódios hemorrágicos, se configurando como um grande problema de saúde pública (Furtado et al.,2019).

As arboviroses ocasionam um grande impacto na saúde pública, assim, ressalta-se a importância do saneamento básico como método profilático e de controle da urbanização vetorial do agente etiológico. O Aedes aegypti habita preferencialmente em áreas urbanas e próximo ao homens, em contrapartida, o Aedes albopictus habita ambientes com vegetação robusta como parques e matas, isso faz com que o último seja considerado um transmissor secundário. Os arbovírus acentuam-se nos tecidos dos organismos dos artrópodes, que se tornam vetores após sugarem sangue de hospedeiros contaminados, se tornado aptos a disseminar a doença depois de 8 a 12 dias de incubação (BARROS et al.,2021). A irregularidade dos serviços de saneamento básico e a deficiência de conhecimentos e pesquisas sobre a doença e a erradicação do vetor, levam ao aumento dos casos de dengue nos centros urbanos visto que o combate ao mosquito é, de fato, a melhor forma de profilaxia e erradicação  (MANSSO et al.,2022).

Após atingir a corrente sanguínea o vírus atinge órgãos como baço, fígado e tecidos linfáticos e se multiplica durante o período de incubação que dura cerca de 4 a 7 dias. Após isso, o vírus volta para a corrente sanguínea e os primeiros sintomas se manifestam. Ele  replica-se também em células sanguíneas e alcança a medula óssea, causando trombocitopenia. Além disso, ocorre agressão ao endotélio vascular provocando perda de plasma, o que pode levar a quadros hemorrágicos, de hipoperfusão e de deficiência respiratória aguda causada pelo aumento da viscosidade sanguínea (FURTADO et al.,2019). Visto a possibilidade da existência de processos hemorrágicos, o tratamento da dengue deve ser feito com cautela já que alguns medicamentos como Anti-inflamatórios não esteroidais, antiplaquetários e anticoagulantes podem contribuir para o agravamento do quadro.

A manifestação clínica da dengue varia desde infecções assintomáticas, oligossintomáticas e sintomáticas, que são divididas em dois grupos: Dengue clássica e os quadros graves que se subdivide em Dengue com complicações, Febre hemorrágica da dengue e a Síndrome de choque da Dengue. Na dengue hemorrágica, a principal manifestação não é a hemorragia e, sim, a alteração da permeabilidade vascular gerada por interleucinas e mediadores químicos produzidos por células inflamatórias. Essa situação resulta em hemoconcentração pela saída do plasma para os tecidos, podendo evoluir para o choque hipovolêmico não hemorrágico. A queda na contagem de plaquetas se insere como uma forte característica dessa manifestação clínica, e as hemorragias, quando ocorrem, acometem principalmente a pele, tecidos subcutâneos e o trato gastrintestinal, o que reforça a importância do diagnóstico clínico-laboratorial e da conduta terapêutica corretos e em tempo certo. Sendo assim, alguns sinais de alarme como dor abdominal intensa, êmese persistente, acúmulo de líquidos, sangramento de mucosas, aumento progressivo do hematócrito, plaquetopenia, sede excessiva e desorientação devem ser monitorados a fim de prevenir eventuais complicações (FURTADO et al.,2019). A classificação adequada do estágio da dengue é precisa, pois condutas terapêuticas diferentes devem ser respeitadas com acompanhamentos que intercalam entre uma avaliação laboratorial ao leito de terapia intensiva e exames sorológicos e complementares específicos para cada caso. Algumas condutas, como a hidratação imediata, são comuns nas diversas manifestações da dengue (BARROS et al.,2021)

 

Não existe tratamento específico contra o vírus dessa doença, faz-se apenas o tratamento com hidratação e medicação sintomática, sendo que em alguns casos e reposição volêmica pode ser feita por via endovenosa e em ambientes de terapia intensiva. Pacientes com suspeita ou já diagnosticados com dengue devem evitar o uso de AINEs como o ácido acetilsalicílico, diclofenaco, ibuprofeno, cetoprofeno, piroxicam e nimesulida, antiplaquetários como o clopidogrel e anticoagulantes como a varfarina pois estes fármacos aumentam o risco de sangramento (FURTADO et al.,2019). As diretrizes da Organização Mundial da Saúde não recomendam o uso de corticosteróides no manejo da dengue devido a falta de estudos conclusivos e a ausência de benefícios comprovados. Nesse viés, embora não haja consenso geral a respeito do tratamento da dengue e exista deficiência de informações e recursos, existem alguns medicamentos e medidas utilizadas para tratar a sintomatologia dos pacientes. Porém, o tratamento guiado pelo diagnóstico e classificação correta e o combate ao vetor se configura como medidas ideais visto que as vacinas contra a dengue ainda se encontram em processo de  aprimoramento  (MANSSO et al.,2022).

Alterações hemorrágicas como hemoconcentração, leucopenia e plaquetopenia direcionam intervenções terapêuticas, fazendo com que os parâmetros hematológicos se tornem mandatórios no diagnóstico e manejo farmacológico e não farmacológico desta arbovirose. Nos casos graves de dengue, as principais alterações hematológicas evidenciadas são trombocitopenia, variação dos índices do hematócrito, aumento do tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial e leucopenia. A infecção grave se apresenta com um perfil fisiopatológico atípico que culmina no aumento da permeabilidade e manifestações hemorrágicas associadas à trombocitopenia concomitante ao aumento do hematócrito, leucopenia ou leucocitose no início da infecção acompanhada de linfocitose com células atípicas podendo existir também neutropenia. É válido ressaltar que manifestações diferentes podem acontecer em pacientes com perfis distintos e todos os critérios devem ser analisados no momento do diagnóstico e estabelecimento da conduta terapêutica (PORTILHO.,2021)

 

 

É recomendado, para alívio dos sintomas como febre e dores o uso dos analgésicos e antipiréticos paracetamol e a dipirona tendo em vista o perfil de segurança desses medicamentos frente a existência das manifestações graves da doença. A administração liberal de fluido oral e o acompanhamento clínico-laboratorial se faz necessário em tais afecções. O manejo da dengue grave requer cuidados e atenção ao gerenciamento de fluidos e tratamento proativo de hemorragia, a reposição de fluidos endovenosos pode ser usada para prevenir o choque em pacientes infectados. Entretanto, é preciso um controle cuidadoso dos fluidos administrados, pois o paciente grave pode evoluir para óbito tanto por sobrecarga hídrica quanto por choque por sangramento. Em caso do nível de plaquetas cair para abaixo de 20.000 ou se houver sangramento significativo, a transfusão de plaquetas é recomendada, medicações hepatotóxicas devem ser evitados e quanto mais antivirais estiverem disponíveis mais proteção a terapia medicamentosa guiada pela clínica poderá oferecer  (MANSSO et al.,2022).

De fato, o medicamento mais utilizado para alívio dos sintomas é o Paracetamol. Ele é um dos analgésicos antipiréticos não narcóticos mais comumente usados e faz parte de muitas preparações patenteadas de venda livre.  Esse fármaco possui uma característica bem particular uma que, ao lado de sua excelente atividade analgésica e antipirética, que pode ser atribuída à inibição da síntese de prostaglandinas no SNC, tem atividade inflamatória muito discreta e não compartilha os efeitos gástricos ou plaquetários adversos dos outros AINEs. Por esta razão, às vezes não é classificado como AINE. Nesse viés, assim como a dipirona, ele possui pouca atividade inibitória pela enzima Ciclooxigenase-1 que é essencial para a produção de mediadores que atuam na agregação plaquetária. Porém, doses tóxicas causam hepatotoxicidade potencialmente fatal. Isto ocorre quando as reações normais de conjugação ficam saturadas e o fármaco é metabolizado por oxidases de função mista, causando destruição do tecido hepático e consequentemente insuficiência hepática (RANG et al.,2016).

Pacientes portadores da dengue podem ter lesões hepáticas a depender da duração e gravidade da doença, sendo esse sinal evidenciado por meio de testes bioquímicos de lesão hepática, principalmente, a aspartato aminotransferase (AST) e a alanina aminotransferase (ALT) que podem estar aumentadas mesmo em quadros assintomáticos. Por isso, se recomenda evitar o uso do paracetamol, mesmo em doses ótimas, em pacientes com infecção por dengue e comprometimento hepático, levando em consideração a alta incidência de hepatotoxicidade associada a esse medicamento. O problema se dá principalmente quando altas doses precisam ser administradas ou quando uma lesão já se encontra instalada, aumentando assim a morte das células do fígado. Nesse cenário existem algumas medidas alternativas que são recomendadas, e o controle da febre deve ser realizado conforme o quadro clínico do paciente.  Escolhe-se entre as opções de hidratação (oral ou venosa) e o uso dos medicamentos – dipirona, antieméticos (bromoprida e metoclopramida) e os antipruriginosos (loratadina e dexclorfeniramina) (PINHEIRO ., 2023).

Sendo assim, fica evidente que a dengue é uma doença de grande relevância, sendo capaz de levar os indivíduos a insuficiência orgânica e óbito. Nesse viés, é preciso que mais pesquisas sejam feitas visando descobertas sobre a prevenção da doença e controle dos sintomas. Na literatura estão presentes várias medidas e medicações que podem ser usadas nessa situação, no entanto, conclui-se que o diagnóstico correto em tempo oportuno, o monitoramento clínico-laboratorial e o tratamento guiado pela evidência científica deve ser feito com cautela e orientado por profissionais cientes das manifestações individuais e recursos disponíveis para o tratamento. A prevenção através do combate ao vetor, uso de repelentes, práticas alternativas à saúde e a imunização através da vacinação são importantes estratégias traçadas para a profilaxia dessa infecção reemergente e que urge por mais conhecimento sobre seu manejo clínico.

 

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES À SAÚDE NA PREVENÇÃO, CONTROLE E TRATAMENTO DAS ARBOVIROSES EPIDÊMICAS NO BRASIL

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 As arboviroses são doenças causadas por arbovírus, ou seja, vírus que são transmitidos por artrópodes onde parte de seu ciclo reprodutivo acontece. Levando em consideração o território brasileiro, três arboviroses se tornam epidêmicas e são vistas como um problema de saúde pública levando em conta o crescimento no número de casos hodiernamente, são elas a Dengue, Zika e a Chikungunya transmitidas ao homem principalmente pela picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti. Nesse viés, é válido ressaltar que alguns fatores como o aumento populacional, a urbanização não planejada, as variações climáticas e destruição de biomas são alguns dos diversos fatores que explicam o crescimento da expansão geográfica dos vetores nas áreas tropicais e subtropicais e consequentemente da transmissão dessas doenças (SOUZA et al., 2023). De  acordo  com  dados  colhidos  pelo boletim  epidemiológico das  arboviroses  de  2020  a  2022, foram  registrados  cerca  de  2.897.750  de  casos prováveis  de duengue, 501.447 casos prováveis de chikungunya e 48.751 casos prováveis de zika, o que equivale em termos numéricos a 3.447.948 casos prováveis dessas três arboviroses registrados nesses últimos anos pelo Sistema  de  Informação de Agravos de  Notificação, em 2023 (SANTOS et al., 2023).

 

   As manifestações clínicas das arboviroses são similares e variam de uma febre indiferenciada até síndromes neurológicas e hemorrágicas, sendo que os casos mais graves muitas vezes são reconhecidos somente após uma grande infestação dessas enfermidades. Nesse cenário, a ineficácia dos métodos diagnósticos e terapêuticos que se restringe ao tratamento das manifestações clínicas e a deficiência de informações epidemiológicas das arboviroses  se configuram como um fator agravante que muitas das vezes contribuem para o agravamento das manifestações clínicas e para o surgimento de óbitos. As epidemias destas doenças são caracterizadas sobretudo pela variação do perfil epidemiológico da população afetada, da emergência e reemergência dos sorotipos circulantes, do aumento dos casos graves e do número de óbitos muitas vezes em decorrência de diagnósticos tardios ou equivocados e de métodos assistenciais deficiêntes  (SOUZA et al., 2023).

   É válido ressaltar que as arboviroses podem ser transmitidas de forma vertical, transfusional e principalmente vetorial no ciclo humano-vetor-humano, sendo que alguns estudos apontam para a transmissão da febre zika através do contato sexual. Em relação à dengue, a arbovirose urbana de maior impacto epidêmico, as manifestações clínicas vão desde febre, cefaleia, artralgia e mal-estar até hemorragia, choque, óbitos e sintomas atípicos como encefalite, encefalopatia, miocardite e hepatite fulminante. Já na Chikungunya os principais achados são febres>39 graus, erupções cutâneas, poliartralgias, cefaléia, mialgia, fadiga, náuseas, vômitos e óbitos. A Zika se manifesta através de sinais e sintomas brandos e autolimitados como febre baixa, erupções cutâneas, fadiga, cefaléia, conjuntivite ou pode resultar em efeitos mais graves como infecção neonatal, microcefalia, meningite, meningoencefalite e Síndrome de Guillain barré. a. A similaridade de sintomas que há entre as arboviroses, compromete o diagnóstico clínico, por isso, o diagnóstico preciso e confiável, realizado por meio de testes moleculares figura-se de grande relevância para a vigilância epidemiológica  (SOUZA et al., 2023).

    Nesse contexto, é  de grande sutileza elucidar o papel das Práticas Integrativas e Complementares à saúde na prevenção, controle e tratamento das Arboviroses. Essas práticas representam a medicina tradicional e são complementares à medicina convencional, e no brasil, são orientadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), publicada no ano de 2006 e são ofertadas pelo Sistema Único de Saúde. As PICs são práticas humanizadas e que garantem o cuidado holístico do ser humano, se fazendo presentes em diferentes topologias, culturas, classes sociais e níveis de atenção à saúde (SOUZA et al., 2022). Tratam-se de ações que consideram a subjetividade de cada usuário na perspectiva da interdisciplinaridade por meio da aplicação do conhecimento tradicional no cuidado integral tendo em vista o controle e a participação social nas estratégias envolvendo o manejo dos processos de saúde e doença (ALVES, 2019).

    Dentre as PICS regulamentadas e ofertadas através do SUS, destaca-se a fitoterapia como um recurso no controle e tratamento das manifestações clínicas das arboviroses. É válido lembrar que os fitoterápicos são diferentes das plantas medicinais visto que estes requerem técnicas específicas desde seu plantio até sua administração. O emprego das plantas para tratar sintomas como dores, tosse e inflamações e para cuidados com a pele é bastante comum. Seus usos como analgésicos e antitérmicos remetem diretamente aos sintomas das arboviroses, incluindo-se as indicadas como relaxantes musculares. No entanto, efeitos adversos podem surgir diante do uso indevido dessa prática, como é o exemplo do guaco (Mikania glomerata) que pode causar em hemorragia e arritmias cardíacas, agravando potencialmente os efeitos dessas enfermidades. Nesse viés, fica evidente a importância do conhecimento e uso correto da fitoterapia (SOUZA et al., 2022).

   Outrossim, algumas pesquisas afirmam o uso de fitoterápicos como repelentes ingeridos na forma de chás ou usados durante banhos como é o caso da  infusão de cana brejeira (Costus sp.) é utilizada na forma de banho para o alívio de prurido presente na  chikungunya. Para repelir o mosquito Aedes aegypti, seja no ambiente ou com uso tópico, a citronela (Cymbopogon winterianum) e o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) diluídos em álcool, separadamente ou em combinações variadas e dentre outras. Essas plantas são consideradas ótimas estratégias quando comparadas com repelentes sintéticos visto que além de funcionarem como bio repelentes elas controlam o crescimento vetorial sem trazer danos ao meio ambiente. As arboviroses requerem a descoberta de novos agentes de baixo custo que possam controlar as larvas do mosquito sem produzir qualquer resistência cruzada, nesse sentido cabe ressaltar também o uso de alguns óleos essenciais usados como repelentes do mosquito Aedes aegypti dentre outros  (SOUZA et al., 2022).

  Ademais, Pesquisas recentes mostram que PICS como acupuntura, meditação, tai chi, qigong, yoga e massagem são efetivas para o tratamento de dor lombar, fibromialgia e outras dores de origem osteomuscular, incluindo-se aquelas adquiridas após as arboviroses dengue, zika e chikungunya. No entanto, a auriculoterapia e automassagem são utilizadas com maior frequência no manejo de cefaléias, artralgias e mialgias. Ademais, a auriculoterapia tem raízes na medicina tradicional chinesa e se baseia em estímulos aplicados em pontos específicos do pavilhão auricular traçados em forma de microssistema oferecendo efeitos físicos e psíquicos. Estudos apontam que a utilização dessa prática acarreta na diminuição das dores articulares e no uso de medicamentos convencionais, além de aumentar de forma proeminente a qualidade de vida dos pacientes infectados pelos arbovírus  (SOUZA et al., 2022). 

  A automassagem consiste em um processo onde o próprio paciente toca seu corpo com pressões diferentes com o intuito de melhorar seus processos fisiológicos, promovendo relaxamento muscular, conforto físico e psíquico através do autocuidado holístico. A partir disso, essa prática é utilizada para o alívio das dores e tensões musculares presentes em algumas das arboviroses, principalmente a chikungunya. As PICS são seguras, e algumas delas possuem resultados superiores a determinados analgésicos e anti-inflamatórios para o controle das dores musculares, inclusive aquelas provocadas pelas arboviroses (SOUZA et al., 2022). Entretanto, a oferta das PICs no manejo das arboviroses e outras enfermidades não é uma realidade para todas as pessoas e medidas para sua efetiva distribuição precisam ser levadas em consideração. É evidente a importância que essas práticas possuem frente às questões supracitadas, visto isso, estabelecer uma relação direta das PICs com o tratamento da dengue, da zika e da chikungunya é uma proposta que pode contribuir para a realização de novos estudos, fomento à produção científica e incorporação de novas tecnologias (ALVES, 2019). Conclui-se dessa forma a importância da ampliação de pesquisas em relação às arboviroses epidêmicas no Brasil com o objetivo de ampliar as informações epidemiológicas, o métodos diagnóstico e de tratamento e a utilização e disponibilização das PICS no manejo de tais afecções.

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências:

Sousa, S.S.d.S.; Cruz, A.C.R.; Oliveira, R.d.S.; Pinheiro, V.C.S. Características clínicas e epidemiológicas das arboviroses epidêmicas no Brasil: Dengue, Chikungunya e Zika. 2023, 23, e13518–e13518, https://doi.org/10.25248/reas.e13518.2023.

 

SANTOS, L. H. O. .; SILVA, R. R. de S. Analysis of the epidemiological profile of arboviruses (dengue, zika and chikungunya) from 2020-2022 in Brazil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 9, p. e6912943229, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i9.43229. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/43229. Acesso em: 30 dec. 2023.

 

ALVES, João Armando. Práticas integrativas e complementares em saúde na prevenção, controle e tratamento das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya: uma sistematização qualitativa, Brasil 2019. 2020.

 

DE SOUZA, Silvia Ribeiro; ALVES, João Armando. COMO AS PICS PODEM ATUAR SOBRE AS ARBOVIROSES DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA?. Esta obra é licenciada nos termos Creative Commons sob a licença: Atribuição-Sem Derivações-Sem Derivados-CC BY-NC-ND, sendo todos os direitos reservados. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, desde que citada a fonte., p. 5, 2022.

Promovendo saúde: Estratégias Cruciais na Prevenção do HIV/AIDS e do Câncer de Pele

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O mês de dezembro é marcado como o mês de conscientização sobre HIV/AIDS (dezembro vermelho) e sobre o câncer de pele (dezembro laranja).

 

O Dezembro Vermelho é uma campanha nacional, instituída pela lei nº 13.504/2017, que visa a conscientização, prevenção e proteção de direitos relacionados ao HIV, AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A AIDS é uma condição causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que ataca o sistema imunológico principalmente os linfócitos T CD4+, responsáveis por proteger o corpo humano de doenças (RACHID; SCHECHTER, 2017).

A transmissão do HIV ocorre por meio de atividades que envolvem contato direto com fluidos corporais infectados, como sangue, secreções sexuais e leite materno. Isso inclui relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal e oral), compartilhamento de agulhas, transfusão de sangue contaminado e transmissão vertical da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Também pode ocorrer por meio de perfuro cortantes não esterilizados, como alicates (BRASIL, 2023).

É fundamental desmistificar informações incorretas sobre a transmissão do HIV, esclarecendo que uma pessoa NÃO se infecta através de atividades cotidianas ou contato casual, como sexo protegido com uso correto de preservativo, masturbação compartilhada, beijos no rosto ou boca, suor, lágrimas, picadas de insetos, aperto de mão, uso compartilhado de sabonetes, toalhas, lençóis, talheres, copos, assentos de ônibus, piscinas, banheiros, doação de sangue ou pelo ar (BRASIL, 2023).

Para prevenção do HIV/AIDS, é essencial o uso de preservativos em todas as formas de relação sexual, seguir medidas de prevenção como esterilização de perfuro constantes reutilizáveis, realizar exames diagnósticos e tratamento de outras ISTs. Destaca-se que as pessoas com HIV têm direito ao tratamento imediato com medicamentos antirretrovirais, que ajudam a controlar o vírus e proteger o sistema imunológico. Além disso, a prevenção combinada inclui testagem para IST, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização, redução de danos e outras estratégias para garantir a saúde pública (UNIFAP, 2021).

O Dezembro Laranja é uma campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia focada na prevenção do câncer de pele, o tipo mais comum no Brasil.  Um dos principais fatores de risco é a exposição solar sem proteção que pode levar ao desenvolvimento do câncer de pele. As medidas preventivas incluem evitar a exposição excessiva ao sol, especialmente durante o horário mais intenso de 9 às 15 horas, e o uso diário de protetor solar (UNIFAP, 2021).

Como mencionado anteriormente, a exposição prolongada e repetida ao sol aumenta o risco para o câncer de pele, além disso o risco é maior entre as pessoas que possuem pele clara, olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ou que são albinas, que possuem histórico ou histórico familiar de câncer de pele e que possuem muitas pintas pelo corpo. Porém esses fatores não descartam os cuidados que as pessoas de pele negra também precisam tomar, mesmo que a incidência desse tipo de câncer seja menor (BRASIL, 2023).

É essencial se atentar para os sintomas do câncer de pele e buscar um dermatologista em caso de surgimento de manchas que coçam, descamam ou que sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e/ou ainda feridas que não cicatrizam em 4 semanas (BRASIL, 2023). É possível realizar no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia um teste do risco para esse tipo de câncer preenchendo um simples questionário (questionário de risco para câncer de pele ), de forma a alertar os usuários quanto aos cuidados necessários.

Por fim, destaca-se a relevância dessas campanhas para a saúde da população, trabalhando para a prevenção tanto do HIV/AIDS quanto do câncer de pele, tendo em vista que ambos apresentam um alto número de incidência em nosso país.

 

Texto escrito por: Laís Ferreira Felício, pesquisadora bolsista da MedYes e graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Viçosa.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Aids/HIV: transmissão da Aids/HIV. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aids-hiv/transmissao-da-aids-hiv< /span>. Acesso em: 15 dez. 2023

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Dezembro Laranja: prevenção e detecção precoce do câncer de pele. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/prevencao-ao-cancer/dezembro-laranja-prevencao-e-deteccao-precoce-do-cancer-de-pele. Acesso em: 15 dez. 2023.

 

RACHID, Marcia; SCHECHTER, Mauro. Manual de HIV/aids. Thieme Revinter Publicações LTDA, 2017.

 

UNIFAP. Rádio e TV Universitária. Conheça as campanhas de saúde do mês de dezembro. 2021. Disponível em: https://www2.unifap.br/radio/conheca-as-campanhas-de-saude-do-mes-de-dezembro/ . Acesso em: 15 dez. 2023.

Humanização no Cuidado Domiciliar de Saúde: Ciência, perspectivas e desafios

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Muito se discute acerca dos efeitos da humanização do cuidado em saúde, mas, ainda, têm-se poucas análises sistemáticas quanto às suas reais potencialidades, sobretudo científicas. O elevado aprisionamento da grande maioria desses debates no campo teórico inviabiliza descobrimentos concretos, capazes de difundir as perspectivas de atenção humanizada de saúde em todos os serviços embasados no cuidado. Essa perspectiva, que vem ganhando espaço na área da saúde, preza pelo reconhecimento do ser acolhido com um indivíduo único, que demanda cuidados personalizados e que deve ser reconhecido como um ser detentor de anseios, desejos e necessidades singulares, não focando apenas na patologia ou disfunção de saúde.

Apesar disso, é fato que classifica-se como consenso, entre a grande maioria dos profissionais da saúde, que a humanização do cuidado é uma estratégia essencial para aproximar um indivíduo, em um contexto de vulnerabilidade de saúde, do seu processo de recuperação. Apesar disso, por que ainda não vemos esse recurso, capaz de melhorar a assistência de saúde, sendo consolidado nos serviços de saúde, incluindo o domiciliar? Convidamos você, leitor, a refletir conosco.   

A concepção de humanizar o cuidado não é atual. Há vários anos, pensadores e pesquisadores da área da saúde já reconheciam essa linha de pensamento como indispensável. Na história da Enfermagem, por exemplo, Florence Nightgale já previa a necessidade de se oportunizar um ambiente acolhedor ao ser humano que estivesse enfermo. A enfermeira Wanda Horta também reforçou essa premissa em sua teoria das Necessidades Humanas Básicas.

No contexto da atenção domiciliar, a necessidade de humanizar a assistência à saúde não é diferente. Sem dúvidas, dar a oportunidade de um enfermo ser assistido em seu lar, no conforto do lugar diante do qual possui um sentimento de pertencimento e segurança, é uma premissa alinhada à humanização, mas que nem sempre é o suficiente. Além de garantir essa possibilidade de acolhimento residencial, é importante que as pessoas envolvidas no processo saúde-doença tenham em mente a imprescindibilidade de, cada vez mais, dar maior dignidade ao corpo vivo, sejam elas familiares, profissionais da saúde, amigos. 

Os desafios são muitos. Nas redes hospitalares, a grande carga de trabalho sobre os profissionais da saúde, diversas vezes, inviabiliza a implementação de mecanismos de humanização da assistência, bem como o ambiente acelerado em questão. Em destaque, a má remuneração e baixa valorização de inúmeros profissionais da saúde também desestimula eles a debruçar sobre formas de humanizar os atendimentos. A falta de discussão acerca do tema, durante a formação acadêmica, também é um imbróglio que impede atendimentos mais acolhedores nas redes de atenção à saúde, sejam públicas ou privadas. 

Contudo, e como já explorado antes, a escassez de estudos voltados para a reflexão e para a idealização de estratégias para implementação das perspectivas humanistas de saúde na prestação de serviços direcionados à recuperação e manutenção do bem-estar humano coage e desestimula inovações e a própria estruturação de planos e políticas públicas para adoção e propagação dessas compreensões. 

A atenção domiciliar figura-se como um cenário passível de implementação e exploração de instrumentos para humanizar o acolhimento. Sabe-se que, em muitos casos, o acompanhamento de um domiciliado é contínuo, sem muitas intercorrências clínicas, o que pode favorecer o desenvolvimento de um clima estagnado , ou seja, sem muitas interações, principalmente entre o ser acolhido e o ser acolhedor. Diante disso, ressalta-se a importância de se desbravar os recursos de acolhimentos humanizados, para, principalmente, garantir que o processo de recuperação seja mais ágil e efetivo. 

Entre as táticas de humanização está a de aproximar o profissional da saúde do seu paciente-cliente. Assim, a assistência faz-se mais cômoda, pois um passa a conhecer melhor o outro. O profissional da saúde que conhece bem o indivíduo assistido pode oportunizar um tratamento mais personalizado, que esteja condizente com as reais necessidade dele, sem apenas focar em técnicas e protocolos, os quais muitas vezes não é o mesmo para diferentes pessoas. 

Por fim, é indispensável que esses princípios sejam amplamente divulgados, com o intuito de fomentar a busca por métodos capazes de ampliar a qualidade do cuidado. De fato, fechar os olhos para aquilo que traz luz e generosidade pode ser um fator perigoso para o cenário de reabilitação de saúde. Para reverter toda essa situação, é primordial a interação e estreitamento de relações  multiprofissionais dos segmentos profissionais da saúde, dos órgãos governamentais e, principalmente, no campo acadêmico-científico.   

  

Escrito por Cláudio Felipe de Oliveira – Acadêmico de Medicina vinculado à Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga. 

Revisado por Flávia Batista Barbosa de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde vinculada à Universidade Federal de Viçosa. 

SETOR CIENTÍFICO MEDYES 

 

REFERÊNCIAS 

BACKES, DS et al. Contribuições de Florence Nightingale como empreendedora social: da enfermagem moderna à contemporânea. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, 2020.

FARIAS, FBB et al. Cuidado humanizado em UTI: desafios na visão dos profissionais de saúde. Revista de Pesquisa: Cuidado é fundamental online, v. 5, n. 4, p. 635-642, 2013.

MORETO, G; BLASCO, PG. Humanizando a Saúde: Preocupação ou Ocupação?. Archivos en Medicina Familiar. Vol, v. 21, n. 3, p. 85-88, 2019.

RODRIGUES, MC. HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM HOME CARE. Revista Eletrônica Ciência & Tecnologia Futura, v. 1, n. 2, 2021.

SANTOS, ECG et al. Processo de Enfermagem de Wanda Horta-Retrato da obra e reflexões. Revista Internacional de Historia y Pensamiento Enfermero, v. 15, p. e12520-e12520, 2019.

SARMENTO  IP,  SARMENTO  RP,  LISBOA  KO,  Bernardes  VRM,  Manso GG, Cardoso HC. A humanização na assistência à saúde:  uma  revisão  histórica  da  literatura.  Rev. Educ. Saúde. 2021;9(2): 78-87

SILVA, ID; SILVEIRA, MFA. A humanização e a formação do profissional em fisioterapia. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. suppl 1, p. 1535-1546, 2011.

VILA, V. da S.C; ROSSI, L.A. O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapia intensiva: “muito falado e pouco vivido”. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10. n. 2, 2002.

IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NA GERIATRIA E GERONTOLOGIA

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“A enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais.” (Wanda Horta)

Tendo em vista esse conceito que aborda a enfermagem enquanto ciência que assiste o paciente em suas necessidades e preza pela sua autonomia e independência, e o fato de a geriatria ter como foco a avaliação multidimensional da pessoa idosa, que aborda as Atividades de Vida Diárias e a capacidade do idoso de desenvolvê-las, podemos começar a entender qual a importância da assistência de enfermagem a essa população.

O idoso passa por alterações comuns ao envelhecimento que são estudadas dentro da gerontologia, sendo que estas não levam a perda da autonomia e independência, e vão permitir à pessoa idosa o desenvolvimento das Atividades de Vida Diária. O enfermeiro tem importante papel na avaliação da funcionalidade dessa pessoa idosa e realização de ações de prevenção e promoção de saúde para os idosos robustos, além de correto encaminhamento para o enfermeiro geriatra nos casos de pacientes com risco de fragilização ou frágeis.

Assim como nas demais áreas, o enfermeiro generalista que atende à população idosa ou o enfermeiro gerontólogo deve ter um olhar multidimensional sobre esse indivíduo, observando o contexto geral do paciente para atender suas reais necessidades. É muito comum nas UBS encontrar pessoas idosas portadoras de Doenças Crônicas, sendo que frequentemente o serviço de saúde foca no tratamento dessas patologias, portanto é essencial que o enfermeiro tenha uma visão do todo que traga o diferencial para o seu atendimento.

Outro aspecto importante ao enfermeiro é realizar ações de educação permanente com a equipe de enfermagem e com a equipe multiprofissional, a fim de que haja uma melhora geral na qualidade do atendimento prestado à população idosa. Um dos aspectos a ser trabalhado, principalmente na atenção primária, pensando nessa educação permanente, é aplicação de algum instrumento de identificação de demandas e classificação da funcionalidade como o VES-13, CFS ou o IVCF-20, que são instrumentos de classificação de funcionalidade clínico-funcional do idoso e permitem o direcionamento para o tipo de atendimento necessário seja de promoção, prevenção ou tratamento e reabilitação.

Conclui-se portanto que a enfermagem possui ampla atuação no que diz respeito ao atendimento à pessoa idosa, seja enquanto geriatra ou enquanto generalista, pois trata-se de uma população em rápido crescimento e com alta demanda de acompanhamento pelos serviços de saúde.

 

Texto escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências Bibliográficas:

DE AGUIAR HORTA, W. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/reeusp/a/9mNZbmNpQ573hfFdNRYjS6n/?lang=pt&format=pdf>.

O que é Geriatria e Gerontologia? Disponível em: <https://sbgg.org.br/espaco-cuidador/o-que-e-geriatria-e-gerontologia/>.

‌SANTOS, S. S. C. et al. Avaliação multidimensional do idoso por enfermeiros brasileiros: uma revisão integrativa. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 9, n. 1, 1 jul. 2010.

‌MUNIZ DA SILVA, D. et al. Doenças crônicas não transmissíveis considerando determinantes sociodemográficos em coorte de idosos Chronic non-communicable diseases considering sociodemographic determinants in a cohort of older adults. [s.d.].

 

dimensional%20do%20idoso,utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20redes%20de%20suporte.

https://www.scielo.br/j/rbgg/a/JHbf5DqRjR4zJW8kHtvkYmS/?format=pdf&lang=pt

POR QUE UTILIZAR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NO HOME CARE?

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A Assistência Domiciliar (AD), também conhecida como Home Care, consiste em cuidados oferecidos por uma equipe multiprofissional ao paciente em sua residência, englobando ações de promoção, prevenção e reabilitação da saúde (COREN-DF, 2019). Esse modelo de atendimento tem se popularizado cada vez mais na sociedade, devido à maior privacidade, conforto e humanização do cuidado, além da redução dos riscos relacionados à internação hospitalar. Atualmente, o número de empresas privadas que oferecem o sistema de Assistência Domiciliar à Saúde (ADS) tem aumentado significativamente no Brasil, passando de 8 em 2012 para 830 em 2019 (FERREIRA; CANAVEZ, 2010; FIPE, 2020).

Sabe-se que com o passar dos anos houve um avanço tecnológico mundial e hoje vivemos a chamada era digital onde muitas pessoas conseguem e permanecem conectadas 24 horas por dia e as informações circulam instantaneamente (FERREIRA, 2017) portanto é evidente o impacto desses avanços na sociedade seja no lazer, no trabalho ou na saúde. As tecnologias começaram a ser utilizadas no contexto da saúde em 1950, com objetivo de organização financeira, de recursos humanos e custos, porém a partir da década de 1990 a tecnologia por meio dos sistemas de informação passou a ser utilizada para o atendimento ao cliente/paciente (BEZERRA, 2009).

Com relação aos sistemas de informação este é composto por um conjunto integrado de recursos, incluindo pessoas, dados, software, hardware e redes de comunicação, que, quando organizados, são capazes de recolher e transformar dados em informações úteis para a sociedade. Esses sistemas podem ser divididos em cinco tipos, de acordo com o número de pessoas ou empresas que fazem uso deles: individuais, para grupos de trabalho, organizacionais, interorganizacionais e globais (PEREZ; ZWICKER, 2010). O sistema de prontuário eletrônico que é utilizado no Home Care, por se tratar de uma tecnologia para a saúde que abrange a assistência e a gerência, pode ser classificado tanto como um sistema de informação para grupos de trabalho quanto como um sistema de informação organizacional.

O prontuário eletrônico tem sido utilizado para permitir um cuidado integral, e ainda facilitar as atividades de gerenciamento das empresas de Home Care. A adoção destas tecnologias permitem uma maior sistematização da assistência e redução de erros que levam risco aos pacientes devido a falhas na comunicação entre os profissionais, já que normalmente estes não se encontram juntos em um ambiente físico de trabalho como ocorre nos hospitais e demais serviços (SANTOS; FALK, 2019). Médicos e enfermeiros que trabalhavam em uma empresa de home care antes e após a implementação de sistema de prontuário eletrônico relataram em sua maioria a percepção de aumento da segurança do paciente e diminuição de erros de prescrição (SANTOS; FALK, 2019). 

Portanto é possível concluir que o uso de sistemas de informação no Home Care vem se tornando uma ferramenta que facilita o dia a dia do cuidador, da família e do próprio paciente assistido, pois permite a integração entre as informações e com isso há a diminuição de erros provenientes da má comunicação. Sendo assim, o uso de sistemas de informação aplicados ao Home Care tendem a trazer muitos benefícios e melhorias na segurança do paciente. 

 

Escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES; e por Thaina Gonçalves dos Santos Felipe de Sousa  –  Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES. 

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências:

PEREZ G, ZWICKER R. Fatores determinantes da adoção de sistemas de informação na área de saúde: um estudo sobre oprontuário  médico  eletrônico.  Rev.  Adm.  Mackenzie[internet].    2010;11(1):174-200.    Disponível  em:  http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/RAM/

FERREIRA, P. A, O Avanço da Tecnologia e as Transformações na Sociedade. 2017.  Disponível  em: https://noticias.portaldaindustria.com.br/artigos/paulo-afonso-ferreira/o-avanco-da-tecnologia-e-as-transformacoes-na-sociedade/ 

BEZERRA, S.M. Prontuário Eletrônico do Paciente: uma ferramenta para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde. Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 73-82, jan./abr. 2009. Disponível  em: https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/view/12/7 

SERÁ O FIM DA PANDEMIA? APÓS TRÊS ANOS, A OMS DECRETA FIM DA EMERGÊNCIA SANITÁRIA MUNDIAL

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Após a Organização Mundial da Saúde ter classificado a propagação do coronavírus como uma emergência sanitária de caráter planetário no dia 30 de janeiro de 2020, o Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) decidiu sugerir o fim dessa rotulação na última sexta (05/05/2023), em Genebra, cidade suíça. Essa sugestão foi acatada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

Imagem: Reprodução / Internet

Segundo Tedros, tal medida ocorreu devido à queda no número de casos da doença em todo mundo, diminuição de hospitalizações e internações em Unidades de Terapia Intensiva e, também, ao aumento da cobertura vacinal contra a enfermidade. Entretanto, o diretor máximo da organização ressaltou que a disseminação da Covid-19 ainda é uma realidade, citando que, na semana do anúncio em questão, uma pessoa morrerá a cada três minutos, devido à contaminação pelo SARS-CoV-2. Ghebreyesus salientou que os países precisam continuar criando estratégias para contornar os efeitos desse cenário. 

O líder da OMS também registrou, em seu discurso, que, ao longo da pandemia, cerca de 7 milhões de pessoas morreram em razão da doença, sendo que esse número pode chegar a 20 milhões devido à falta de dados de alguns países. Ainda, Ghebreyesus classificou o período de crise sanitária como um evento mais grave que uma pandemia, tendo em vista os impactos econômicos, sociais, políticos e, sobretudo, psicológicos.

 

REPERCUSSÃO NO BRASIL 

  

Após a declaração do diretor-geral da OMS, a ministra da saúde brasileira Nísia Trindade comemorou a decisão e ressaltou que ela ocorreu graças à capacidade da vacinação salvar vidas. De acordo com a ministra, os brasileiros precisam continuar a receber os imunizantes contra a covid-19, tendo em vista que sua circulação, no país, ainda é uma realidade. Também frisou que as notícias falsas relacionadas à segurança e à eficácia dos imunobiológicos devem ser duramente combatidas. Nísia Trindade lembrou dos 700 mil mortos no Brasil e dos 37,4 milhões de casos, destacando que a memória de cada vida perdida precisa ser utilizada como fonte de engajamento para reparar a dor das famílias que perderam algum ente e para que futuras pandemias não ocorram.

Em seu pronunciamento à nação, no dia sete de maio, Nísia Trindade enfatizou que o vírus continua a sofrer mutações e que há a predominância de infecções ocasionadas pela variante ômicron e suas sub linhagens no país. Ademais, alertou que a grande maioria dos óbitos decorrentes da enfermidade são de pessoas que não receberam a quantidade de vacinas necessárias para sua proteção, além de engrandecer a contribuição de pesquisadores e profissionais da saúde nas ações contra o coronavírus.   

 

FIM DA LINHA PARA A PANDEMIA? 

Segundo a líder técnica para Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, ainda não é possível dizer que a pandemia terminou. Veja o que Kerkhove disse sobre a classificação de Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional: 

“Essa definição indica que a situação é séria, repentina, pouco comum e inesperada, carrega implicações para a saúde pública que vão além das barreiras dos países afetados e pode exigir ações internacionais imediatas.” 

A classificação visa instigar as nações a traçarem estratégias para evitar sérios danos decorrentes de uma doença:

“A ideia de declarar emergência em saúde pública de importância internacional, o mais alto nível de alerta da Organização Mundial da Saúde, é coordenar ações imediatas antes que a situação se torne ainda mais grave e potencialmente uma pandemia”

A líder confirma que o termo “pandemia” continua: 

“No caso da covid-19, temos ambas as situações: uma emergência em saúde pública de importância internacional e também uma pandemia. Embora o diretor-geral tenha falado na capacidade do mundo de se unir para acabar com a emergência em nível global neste ano de 2023, podemos ainda seguir com a pandemia por um bom tempo, porque esse vírus está aqui conosco para ficar. O que significa que temos que tomar ações, melhorar todo o nosso sistema para podermos reduzir o impacto da covid-19 daqui para frente.”

 

– Escrito por Cláudio Felipe de Oliveira – Acadêmico de Medicina vinculado ao Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES).

– Revisado por Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e docente de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Setor científico MedYes 

   

 

REFERÊNCIAS:

Covid-19: fim da emergência não altera status de pandemia. Agência Brasil. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-05/covid-19-fim-da-emergencia-nao-altera-status-de-pandemia>. Acesso em: 9 maio. 2023.

‌Em pronunciamento nacional, ministra da Saúde reforça a importância de intensificar a vacinação contra a Covid-19. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/maio/em-pronunciamento-nacional-ministra-da-saude-reforca-a-importancia-de-intensificar-a-vacinacao-contra-a-covid-19>. Acesso em: 9 maio. 2023.

Imunização é fundamental contra casos graves e mortes por Covid-19, mesmo com o fim da emergência de saúde global. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/maio/imunizacao-e-fundamental-contra-casos-graves-e-mortes-por-covid-19-mesmo-com-o-fim-da-emergencia-de-saude-global>. Acesso em: 9 maio. 2023.

OMS declara que Covid-19 não é mais uma Emergência Global de Saúde | ONU News. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2023/05/1813942>. Acesso em: 9 maio. 2023.  

OMS declara fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à COVID-19 – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/5-5-2023-oms-declara-fim-da-emergencia-saude-publica-importancia-internacional-referente>.

PRONUNCIAMENTO DA MINISTRA DA SAÚDE, NÍSIA TRINDADE. TV BrasilGov. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GIdovoF2zbE&ab_channel=TVBrasilGov>. Acesso em: 9 maio. 2023.

 

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A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS SEIS MESES DE VIDA DO BEBÊ

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A amamentação é um fenômeno fisiológico que ocorre no corpo da mulher e promove alimento para o bebê, além de auxiliar e fortalecer seu sistema imune, provendo saúde, proteção e crescimento. Além disso, o ato de amamentar fortalece o laço entre o binômio mãe-filho sendo fundamental para criação e manutenção do vínculo afetivo durante este processo pós-gestação. 

Foto: Banco de Imagens do site do Governo Federal, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/08/ministerio-da-saude-lanca-campanha-de-incentivo-a-amamentacao

 Apesar de ser um fenômeno extremamente importante e necessário para o crescimento do bebê, o aleitamento materno é costumeiramente substituído pelo aleitamento artificial, já que muitas vezes as mães deixam de amamentar por não saberem fazer da forma correta e por não terem sido instruídas. Cabe dizer que a disseminação de informação acerca deste assunto é papel fundamental dos profissionais de saúde para que mães possam amamentar de maneira correta, promovendo saúde aos seus filhos.

O leite materno é uma fonte rica de anticorpos, proteínas e nutrientes que garantem a formação da imunidade do bebê, a nutrição e a proteção gastrointestinal, prevenindo doenças e ajudando o bebê nos pontos de vista fisiológico, imunológico e psicológico. Ele é indicado de maneira exclusiva até os seis meses de idade, já que sua composição é completamente rica em todas as necessidades do bebê, sem precisar de alimentação complementar. O ideal é que a alimentação complementar seja introduzida após os 6 meses de idade de maneira gradual. 

Ademais, o aleitamento materno também promove benefícios à mãe, como prevenção de câncer de mama e outras doenças, além de reduzir as chances de depressão pós-parto e é economicamente mais barato que o aleitamento artificial.

Entretanto, é necessário salientar que o ato de amamentar não é uma tarefa fácil, e requer muito cuidado e tempo para que seja realizado da maneira correta. Por isso, é imprescindível que os profissionais de saúde estejam aptos e que possuam o conhecimento necessário para ajudar às mães durante a fase de pré-natal. Profissionais capacitados podem ser o ponto chave para o sucesso da amamentação para que as mães consigam amamentar seus filhos da forma correta e mais indicada quando eles nascerem.  A equipe de saúde pode ser solicitada pela mãe mesmo após a gestação, para consultorias e acompanhamento do processo de amamentação.

E por fim, o ato de amamentar promove afeto, cuidado, proteção e carinho para ambas as partes, e não deve ser descartado ou substituído por outros métodos quando possível, pois é um evento necessário para a promoção de saúde do bebê. 

 

Escrito por: Piethra Cutrale Dall’Oppio – Discente de Enfermagem da UFV e membro da equipe de pesquisadores da MedYes. 

Revisado por: Flávia Batista Barbosa de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde e Docente da UFV

 

REFERÊNCIAS:

BEZUTTI, Sandra; GIUSTINA, A. A importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. 2017.

COSTA, Luhana Karoliny Oliveira et al. Importância do aleitamento materno exclusivo: uma revisão sistemática da literatura. 2013.

PEREIRA, Maria Adriana; NADER, PJH. Aleitamento materno. Importância da Correcção da Pega no Sucesso da Amamentação-Resultados de um Estudo Experimental. Loures: Lusodidacta, 2006.

Enfermagem e Home Care: conheça as vantagens desta relação

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Qual é a primeira profissão que lhe vem à cabeça quando falamos de cuidado com o paciente e atenção à saúde? Possivelmente, você pensou na enfermagem. Historicamente essa profissão –  até então considerada secundária – era tida apenas como um complemento das atividade dos médicos. Mas isso mudou. Atualmente, os profissionais de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) são peças fundamentais para a área da saúde principalmente se tratando de serviços Home Care.

Prova disso é que em 2015 uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que pelo menos  metade dos trabalhadores da área de saúde são profissionais de enfermagem. O grande número de pessoas que atuam nesta área pode, portanto, impactar no mercado de trabalho. Isso porque há mais profissionais do que vagas.

 

Técnicos de enfermagem exigem formação adequada.

Nas clínicas de Home Care, os profissionais de enfermagem são responsáveis por auxiliar no tratamento, garantir o conforto do cliente e criar a ambientação ideal para eles. Ao cuidarem de um paciente, os técnicos passam a fazer parte da rotina daquele domicílio. Por isso, é preciso jogo de cintura e formação adequada para se adequar a diferentes cenários da vida cotidiana de quem está sendo cuidado.

Jamile Soares,  especialista em atendimento ao cliente, ressalta que o mercado de Home Care exige que o profissional de enfermagem tenha uma formação diferenciada. “Esse tipo de mercado demanda dos profissionais muito mais responsabilidade e comprometimento. É preciso também um bom referencial teórico e uma formação diferenciada. Os cursos de técnicos de enfermagem no Brasil formam profissionais para trabalhar em hospitais. O ideal é que as clínicas ofereçam capacitação para que esses profissionais se tornem aptos a atuarem no Home Care“, conta Jamile.

Vantagens para todos

Os serviços em atendimento domiciliar estão conquistando cada vez mais espaços. Com uma equipe adequada, as clínicas são capazes de oferecer um atendimento humanizado, com diminuição dos custos e aumento do conforto para os pacientes. Para os profissionais de enfermagem, os benefícios proporcionados pela atividade também são diversos, a exemplo de uma rotina mais tranquila, possibilidade de atendimento remoto e horário flexível.

Sendo assim Jamile Soares explica que, ao compararmos a rotina em uma empresa de Home Care com a de um hospital, os técnicos têm muito mais capacidade de garantir um atendimento de qualidade aos pacientes.

“No hospital, o profissional trabalha na lógica de ‘quantidade versus tempo’. Em 12 horas trabalhadas, ele precisa cuidar de uns 15 pacientes. É tudo muito rápido, muito corrido. No domicilio, tem como ele prestar um cuidado mais humano”, finaliza.

E para você? Como você acha que os profissionais de enfermagem podem se beneficiar do mercado de home care? Comente aqui! Fique por dentro do nosso blog para acompanhar as novidades!

 

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